Não se podem calar?
O governo, em desespero de causa, ufana-se com a descida do insucesso escolar. É evidente, no entanto, que, excluindo esse mesmo governo e alguns assalariados da causa, não há ninguém que acredite na bondade do feito. Toda a gente percebeu que os níveis de exigência foram condicionados pela estratégia governativa e pela chantagem sobre o corpo docente feita através do estatuto da carreira e do projecto de avaliação de professores, a que se adicionou uns exames mais complacentes. Estamos em maré eleitoral e tudo serve para uma demagogia desbragada. Quem está dentro de uma escola, porém, conhece bem a realidade, realidade essa que está construída por um quadro legal que torna quase invisível o insucesso real, isto é, as aprendizagens que não são feitas. Quando esta gente for corrida da governação do país, lá para 2011, não restará grande coisa da educação pública portuguesa. Exames sem credibilidade, um corpo docente desbaratado, alunos e famílias sem a noção do que é um ensino de qualidade e exigente, escola como sítio de lazer e não de trabalho. É possível que o sistema educativo português nunca mais recupere das malfeitorias políticas que lhe foram feitas pelo actual governo. Ao menos, por uma questão de decência, podiam calar-se e fingir que não existiam.
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