Equilibrar o barco

O que assistimos com a governação Sócrates foi a realização em Portugal daquilo que outros partidos da Internacional Socialista já tinham feito: trair a sua própria tradição e abandonar o pacto social-democrata que eles, juntamente com a democracia-cristã, tinham construído em nome de uma sociedade equilibrada. Isto coloca claramente um problema a esses mesmos partidos: para que servem eles? De certa forma, o espectro político europeu tornou-se redundante. Os partidos políticos da área de governo têm as mesmas políticas. Contrariamente ao que se quer fazer crer, não há qualquer alternativa para as próximas eleições. PSD e PS representam absolutamente a mesma coisa e os mesmos interesses, obedecem aos mesmo imperativos, possuem as mesmas fidelidades, servem os mesmo senhores, ajoelham perante os mesmo ídolos. Aí não há alternativa. O problema remanescente tem a ver com os eleitores da esquerda democrática. Não se revêm nas formações de inspiração marxista-leninista, mas também não se revêm nas sociedades que os partidos da Internacional Socialista estão a construir, sociedades acintosamente injustas, sociedades de uma diferença de classes abissal. Para esses, a única saída é a radicalização do voto. Se a esquerda democrática colapsou e se converteu aos ideários da direita, com o fanatismo dos conversos, resta apenas tentar equilibrar o barco.
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