Novas Oportunidades para continuar atrasados
Por que razão haveremos de ser sempre um país semi-atrasado? Porque mentimos a nós próprios, porque gostamos de nos enganar. Depois de pedir um autógrafo aos formandos que tinham acabado de prestar provas, no âmbito das Novas Oportunidades, José Sócrates afirmou: “Quero elogiar a vossa coragem no momento em que se decidiram inscrever no programa de Novas Oportunidades e não há melhor investimento individual do que melhorar as qualificações. É uma prova de coragem e de grande dignidade reconhecer socialmente que precisavam de saber mais, de voltar à escola e enfrentarem o exercício da avaliação” (ver Lusa). Tudo isto é muito comovente, mas o facto é que estas pessoas não voltaram à escola, não fizeram o ensino secundário curricularmente determinado. Cumpriram um programa que lhes deu uma espécie de equivalência. Não contente, Sócrates não se eximiu à mentira demagógica, ao afirmar “durante anos a fio, muitos carregaram o estigma de não terem acabado o ensino secundário, sem terem outra oportunidade”. Então e os muitos milhões de euros gastos pelo país no ensino secundário recorrente? Não era uma segunda oportunidade? É um facto que os alunos tinham que fazer exames às unidades, que aquilo levava aí uns três anos a fazer, mas era uma segunda oportunidade para quem não pôde ou não quis aproveitar a primeira. Estas novas oportunidades não qualificam o país, tornam-no mais pobre e ainda menos honesto intelectualmente. Com tantas novas oportunidades haveremos sempre de ser semi-atrasados. No fundo, Sócrates e o Programa Novas Oportunidades estão bem um para o outro.
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