Papel que se rasga - 4. Por esses dias cantava
Por esses dias cantava.
A boca visível pousada na água,
o vestígio incerto da tua sombra.
Falavas do futuro,
como ele avançava sobre ti,
oculto no fumo das cidades,
nas rosas azuis
esculpidas na parede
que o mundo
lá te deixara.
Abraçado nessa voz
principiava o canto,
o braço inclinado
e os dias a derreterem-se
nas águas
que em abril
pelo rosto sempre te caem.
[JCM. Papel que se rasga. 1978]
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