A estética socrática
Segundo Joana Amaral, no Bichos Capinteiros, este belíssimo exemplar de criatividade arquitectónica tem o autógrafo do senhor engenheiro José Sócrates, agora também conhecido como primeiro-ministro. Se é verdade, então o senhor primeiro-ministro deverá demitir-se de imediato. Eu sei que somos um povo com um gosto absolutamente deplorável, mas sempre gostámos de ter na direcção da pátria gente com bom gosto, mesmo que politicamente fosse um asco. Era isso o que distinguia o chefe pátrio do rebanho. Ora esta maravilha estética mostra que o seu autor está ao baixo nível do rebanho que pastoreia, como dizem alguns bloggers da moda. Perante esta evidência, não há fato nem gravata, por mais discretos que sejam, que salvem o senhor engenheiro. Um povo que tem um primeiro-ministro que assina uma coisa destas e não se importa, não é um povo, é um formigueiro em fase de suicídio. Dito de outra maneira, como é que uma pessoa que assina aquilo pôde chegar a primeiro-ministro de um país europeu?
3 comentários:
Sempre achei Sócrates, o engenheiro, fraco para o cargo...mas, quem lá deveria estar não quis, recusou...por mim, nem me importava nada que o Engenheiro tivesse assinado a mosntruosidade da foto...errar é humano e todos nós cometemos erros ou «assinámos» coisas que, hoje em dia, nem nos passaria sequer pela cabeça assinar. E arrependemo-nos. Enfim, fosse Sócrates um bom primeiro-ministro, desempenhasse ele bem as suas funções actuais, desenvolvesse ele políticas adequadas e justas, e tudo estaria bem, o «mostrengo» nem sequer viria à baila...O problema, quanto a mim, já nem é Sócrates...o problema é QUEM! Quem, neste país, com competências e competente vai para o poder? Os bons preferem ficar nas suas empresas, nos seus bancos, dirigindo os seus negócios e as suas vidas, escrevendo livros, dando aulas...Os maus é que concorrem, quais gatos assanhados, ao famigerado poleiro...então QUEM? Sinceramente, na classe política existente, não vejo ninguém...
Bem, talvez D. Sebastião apareça por aí, numa manhã de nevoeiro.
Penso que o problema de Sócrates se encontra mesmo retratado neste mostrengo. Há toda uma cultura que se exprime aqui. Bem sei que todos fizemos coisas que hoje não faríamos, mas também há coisas que todos sabemos que nunca faríamos. Aqui manifesta-se uma concepção do país. Neste caso, a questão estética, e é a ela que me refiro, é também política. Como se coadunará este «discurso» estético miserável com a imagem de homem moderno que se tenta vender?
Por outro lado, há falta de solidez na classe política. Não penso, porém, que os bons estão fora da política. Um bom emprensário, um bom gestor ou um bom intelectual não seriam bons políticos. Dirigir uma empresa, por grande que seja, escrever um livro ou fazer uma tese não é a mesma coisa que dirigir uma comunidade política. Mas essa ilusão está muito disseminada. O problema de Sócrates é que chegou demasiado depressa a onde não devia. Falta-lhe experiência humana e experiência política, não é que não tenha tido lições de politiquice e manobrismo partidário, por certo que as teve, mas isso não chega. De facto, há um défice de formação dos quadros políticos do país. Mas o problema não será só esse. Talvez os tempos não estejam propícios, talvez estejam fora dos eixos, talvez nem D. Sebastião, o da lenda, tivesse força para os pôr nos eixos.
Talvez D. Sebastião, em vez da sua augusta pessoa, nos devesse antes enviar umas boas dezenas de Humphreys (Sim, Senhor ministro) para dizer a outras tantas dezenas de ministros «Não, senhor ministro), mas a começar de pequeninos, a educá-los esteticamente (acaba por ter alguma razão, JCM)ensinando-os que HÁ COISAS QUE NÃO SE FAZEM, SR. MINISTRO! E, ainda menos o senhor, senhor primeiro-ministro; por exemplo, nada que de projectar coisas que estejam abaixo do nível de um Frank Lloyd Wright! Talvez, em breve, estejam por aí a chegar os QUATRO HUMPHREYS DO APOCALIPSE, para REVELAR à nossa claase política algumas verdades essenciais....
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