Um excesso desnecessário
Apesar de estar na moda dizer mal das crónicas de Vasco Pulido Valente, elas são do melhor que por aí se escreve. Boa literatura e boa análise política. A de hoje, no Público, é presumidamente certeira relativamente ao destino do PSD. No entanto, começa com um equívoco. Diz VPV: «A ironia é que o PSD não se entende com o Portugal moderno ou "modernizado" que ele próprio, no "cavaquismo", criou.» Isto é assim apenas na aparência. Quem criou o tal Portugal moderno não foi o dr. Cavaco nem as luminárias do PSD da altura. Quem criou essa espécie de coisa foram os dinheiros que a CEE enviou para cá com a estulta ideia de nos tornar europeus civilizados. O dr. Cavaco, bem como o eng.º Guterres e a posteridade inominável, a única coisa que fizeram, e mesmo assim com clara deficiência, foi distribuir o dinheiro proveniente do trabalho dos outros. No fundo, tudo afazeres de contabilistas ou de tesoureiros. O Portugal moderno não foi criado por nós, foi-nos imposto de fora, o que faz toda a diferença. Se fosse criado por um governo nosso, sustentado nos nossos e no nosso trabalho, as coisas seriam agora diferentes. Mas como foi receita de médico estrangeiro, não há, por cá, quem acredite um grama que seja na veleidade de se ser moderno. VPV excedeu-se desnecessariamente na bondade relativamente ao cavaquismo.
1 comentário:
O panonarama político português é desajustado da época, da Europa e da globalização.
Continuamos num extremo, talvez reduzidos à irrelevância por termos perdido a nossa Dimensão Unviversal, afirmo-o sem o cinzento saudosismo de quem quer o tempo em regressão, afirmo-o porque nos vejo ainda sem destino definido. Somos uma velha nação que se comporta como adolescente indefinida.
Estradas, combóios, aeroportos, será que só nos compreendemos em fuga? Saídas ou caminhos, não quer forçosamente dizer... Estradas...
E quanto ao dinheiro ser de outros...
O Agostinho da Silva afirmava que Portugal tinha contribuido muito para a identidade da Europa e que esse nosso contributo teria como retorno estas moedas enviadas para a nossa modernização...
O problema é saber a partir daí o que fazer, com que ideolgias, para cumprir que ideia de Portugal.
Quem são os Liberais, os Trabalhistas, os Ecologistas, os Democratas-cristãos, os Proteccionistas, será que não se afirmam? Por conveniência ou receio?
Estaremos mesmo reduzidos a ser levados por situacionistas?
Em conversa acalorada e caseira entre gerações, imaginámos um "duodecimi viratum" de notáveis do País, após muito debate encontrámos 9 dos quais 5 vivem fora de Portugal...
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