A continuação do regabofe
Esta declaração da autarca socialista, Maria de Lurdes Rosinha, no congresso da Associação Nacional de Municípios, é um sinal de que esta gente ainda não percebeu nada do que se passa. A senhora quer uma "revisão urgente da lei das finanças locais para fazer face à crise orçamental de muitos municípios num período de crise". Isto é, quer mais dinheiro para os seus estimáveis projectos. Ainda não percebeu que a crise não é conjuntural. Não se está a viver um período de crise que vai levar, naturalmente, a um período fora de crise, a um período de abundância. Para além da crise internacional, há um estado crítico estrutural que atinge o país devido à irresponsabilidade, fraqueza e oportunismo de uma classe política completamente desajustada da realidade, composta por gente que pensa que o dinheiro cai do céu aos trambolhões. E os municípios, esse glorificado exemplo do poder pós 25 de Abril, bem podem limpar as mãos à parede com o contributo que deram para se chegar onde se chegou. Por exemplo, os presidentes de Câmara deveriam fazer um voto de silêncio durante os próximos anos e evitar reunir-se em conclave para dizerem dislates deste género.
2 comentários:
A revisão da Lei das Finanças Locais, aprovada há cerca de dois anos com o objectivo de limitar o endividamento municipal, não seria a continuação do regabofe, mas sim o regresso do regabofe.
Sem necessidade de mais comentários, pois o essencial está escrito no Post, permito-me notar a quase ausência de comentários...
O poder central influencia todos os Portugueses mas nem sempre os compromete individualmente, o anonimato que nos é conferido pela existência não pública permite-nos manifestar com relativa confiança, os nossos pareceres.
Já o poder local é personalizado, a confiança traduz-se em votos que se traduzem em benesses, aos outros está reservado o degredo. Quem não entra na festa das partilhas receia as consequências físicas da sua atitude.
Existem muitas preversões no poder, mas existe muita covardia nos cidadãos que se deixam sufocar por um poder em ruínas, num sistema que já nem se consegue regenerar. Talvez Portugal sofra de uma doença auto-imune, a covardia...
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