24/12/09

O livro do entardecer 7 - soneto

de que vale a vida
se o perigo não espreitar na clareira
e a floresta for apenas um mar
de palavras secas e exaustas

poucas foram as coisas que amei
uma casa branca a vertigem ante o abismo
o galope das horas na torre da igreja
a promessa de neve nunca cumprida

amei-as no terror que traziam
ou no segredo que crescia
mal o jardineiro as podava para mim –

cortava imagens limpava visões
gritava contra a glória da manhã –
até florescerem na primavera

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