09/12/09

Escola e Sociedade - a Deriva da Razão



No âmbito do Fórum Cidadania, organização conjunta da Escola Secundária Maria Lamas e da CIVILIS, este blogger proferiu a 23 de Novembro pp., a conferência com o título Escola e Sociedade - a Deriva da Razão. Publica-se aqui e agora o abstract. Quando o texto desenvolvido da conferência estiver disponível on-line, far-se-á daqui o respectivo link.

Discute-se a sociedade que se está a construir a partir de uma visão da relação entre escola e sociedade. Tomando como ponto de partida uma descrição fenomenológica dos valores dos alunos relativamente à probidade do desempenho escolar, faz-se uma descrição das figuras sociais dominantes na sociedade portuguesa actual – a esperteza sem regras morais e cívicas, o desânimo e fuga dos melhores, a lamentação dos altos responsáveis. Assim caracterizada a sociedade, argumenta-se criticamente a ideologia da escola aberta à comunidade, nomeadamente a visão da escola como continuidade da família, a sua permeabilidade aos valores e sub-culturas locais, e o imiscuir, na instituição, dos poderes fácticos estranhos ao ethos escolar. Argumenta-se, depois, a necessidade de caracterizar a escola como espaço público fechado. Parte-se de um argumento de Michael Walzer sobre a escola japonesa do pós-guerra e de uma descrição fenomenológica da axiologia escolar, para defender que a escola deve ser esse espaço público fechado devido às características específicas da instituição (um lugar onde menores e maiores se encontram para os primeiros se elevarem à universalidade da razão) e à necessidade de preservar o currículo a transmitir da influência dos interesses privados, sejam familiares ou de natureza económica, social e política. Por fim, propor-se-á as linhas gerais de uma política conservadora de resistência e insistência que vise conservar o papel primordial da razão perante a deriva niilista actual.

1 comentário:

Alice N. disse...

Tanto se fala em atitudes, valores e cidadania nas escolas e tão pouco se pratica (caiu-se num abissal faz-de-conta). A escola é cada vez mais um monstruoso logro. Vamos resistindo. Até quando? Talvez enquanto o brio não definhar e ainda houver pais e alunos que esperam da escola aquilo que ela realmente deve dar.

A propósito de cidadania, ando a preparar os alunos da minha direcção de turma para participarem no Programa Parlamento dos Jovens (uma excelente iniciativa da Comissão de Educação e Ciência, valha-nos isso). Entre muitos outros esclarecimentos e recomendações, explico a nobre função de um deputado e da Assembleia da República. Reforço e tento pôr em prática as regras do debate, enfatizando a necessidade de uma atitude de respeito. Gostaria de aconselhar os alunos a verem uns excertos dos debates quinzenais na A.R., mas não caio nessa. Quando o exemplo vem de cima, que havemos de fazer? De certa forma, também tenho de fazer de conta que aquilo que digo sobre civilidade e entrega à causa pública existe mesmo.

Aguardo com expectativa a possibilidade de ler a sua comunicação. Melhor teria sido assistir.

Alice