25/07/07

O Partido Socialista

Há três momentos fundamentais na história do Partido Socialista. O de Mário Soares, o de António Guterres e o de José Sócrates. Com Mário Soares, o PS era um partido caloroso e de grandes ideais, a liberdade, a Europa e o equilíbrio social. Com Sócrates, o PS é um partido frio, destituído de qualquer ideal ou de princípio. É uma agência de luta pelo poder e de distribuição de cargos pela rapaziada. E com António Guterres? Com Guterres foi o pântano onde os nobres ideais se afundaram e cálculo frio e sem princípios começou a borbulhar, antes de ver a luz do dia. Nada distingue, hoje em dia, o PS do pior PSD. Infelizmente.

3 comentários:

Pedro Antunes disse...

Este PS está tão encostado à politica direita que o PSD tem dificuldade em fazer lhe frente… Aì está uma explicação para as indecisões do PSD e o sua instabilidade interna. Actualmente, conceitos como socialismo deixou de fazer sentido, pois a maior parte dos partidos políticos colam-se ao neo-liberalismo e ao capitalismo. A história mundial tem no dito que, geralmente partidos políticos e movimentos adquirem conceitos e palavras de ordem como sendo suas, mas fazem o contrario… Mentem-se descaradamente, e pior, destrói-se e destroce-se conceitos teóricos e ideológicos, com uma pratica contrária.
Acaba por ser uma boa opção politica, abafando o maior partido político da oposição e encarando a esquerda com algo falido, retrógrado e utópico, consegue ter estabilidade politica momentânea.
Acaba por ser uma manobra de diversão que não é eterna, alias nada é eterno. Uma das perguntas que os portugueses já se interrogam é: “Para onde vai o dinheiro dos nossos imposto? Os nossos descontos?” Como responder a estas questões quando se fecha escolas, hospitais, centros e extinções de saúde. Como responder quando se centralizam serviços públicos nos grandes aglomerados populacionais?

jlf disse...

Não sou tão condescendente com Mário Soares.
Há outras - esquecidas, infelizmente - figuras da velha guarda do PS que mais admiro. Mário Soares foi o que melhor soube tirar dividendos da(s) situação(ões). Foi o que melhores lobbies soube construir. O que melhor se adequou às tais situações e que melhor soube "vender" a sua imagem nos media...
Mas...

Jorge Carreira Maia disse...

Tenho uma visão de Mário Soares bastante favorável. Não que ele tenha granjeado grandes simpatias à esquerda ou mesmo à direita. Não que ele tenha sido um primeiro-ministro querido ou com aura de eficiente. Mas veja-se que as suas governações foram muito menos catastróficas para o país do que as de Cavaco, o qual tem a aura de ser um técnico competente (um contabilista não faz um político

Soares é o pai fundador da democracia portuguesa. Com isto quero dizer não que ele tenha sido o único a bater-se por ela, antes e depois do 25 de Abril, mas foi ele que modelou o regime democrático, que configurou o aspecto parlamentar e representativo, foi ele que sublinhou até à exaustão a importância das liberdades (muito mais do que os liberais), foi ele que, durante a sua presidência acabou com a crispação entre os portugueses proveniente da transição à democracia, foi ele que deu o grande impulso para a adesão à União Europeia, foi ele, ainda, que modelou a natureza social do Estado. É evidente que há contra Soares imensos rancores, à esquerda e à direita, um justificados, outros nem por isso. Mas tudo isso são peanuts perante a obra.

O século XX português teve dois protagonistas gigantes: Salazar, que configurou o Estado Novo, e Soares, que configurou o regime democrático. Todos os outros, alguns deles personagens importantíssimas julgo que vão, na história, viver na sombra destes dois nomes. Na ditadura, com excepção de Marcelo Caetano, todos os outros foram apagados por Salazar. E Caetano é apenas o declínio do salazarismo. No campo da oposição e nos tempos da democracia, homens como Sá Carneiro, Álvaro Cunhal, Cavaco Silva, Guterres, o General Eanes, ou mesmo Otelo ou no PS Zenha, etc., etc. vivem na sombra de Soares. Aqui abriria duas excepções. Sá Carneiro tinha raça para ombrear com Soares na configuração do Estado democrático, mas morreu muito cedo. Cunhal teve um papel destacado na oposição, tinha carisma suficiente para não viver na sombra de Soares, mas este derrotou-o múltiplas vezes. Cunhal e o PCP acabaram por viver na abertura que o 25 de Novembro deu e no espírito soarista que imperava no grupo dos nove. Há grandeza em Cunhal na resistência, mas há também uma grandeza negativa: para todos efeitos ele perdeu clamorosamente no 25 de Novembro e a partir daí sempre e consecutivamente. Isto independentemente da apreciação que se poderá ter desses factos.
JCM