O conflito educativo e as artes do funâmbulo

Blais, MC, Gauchet, M. & Ottavi, D. (2002). Pour une Philosophie Politique de l'Éducation. Paris: Bayard, pp. 63.
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De certa forma, esta polémica entre «republicanos» e «pedagogos» também percorre o sistema de ensino português. Por um lado, um certo ressentimento contra o tempo e o louvor dos bons velhos tempos. Por outro, o militantismo «revolucionário» que quer adequar a escola às crianças e soçobra no tenebroso eduquês, fonte do facilitismo e da mais acentuada discriminação entre alunos.
Entre uma escola centrada nos «princípios» e uma escola centrada nos alunos, há o caminho de uma escola centrada no saber. Aquele que os professores devem transmitir, e por isso devem-no possuir, e aquele que os alunos devem adquirir, e por isso devem trabalhar.
O resto? O resto são estatísticas, avaliações de escolas, avaliações de desempenhos, avaliação das organizações, avaliações de tudo menos dos alunos. Tudo palavreado inútil e pernicioso. Tudo distrações, tudo forma de enganar as pessoas, tudo perversão da realidade. Chegámos, em Portugal, ao tempo em que as escolas que mal ensinam são consideradas exemplares e de excelente qualidade. Amanhã, todas as nossas escolas serão exemplares, embora os alunos pouco ou nada saibam. Como dizia Santana Lopes, está escrito nas estrelas. A educação em Portugal está entrega a funâmbulos. A coisa vai acabar mal, muito mal.
1 comentário:
Alem de possuir o saber, devem os professores transmitir este saber aos alunos. E os alunos devem possuir os instrumentos que lhes permitem assimilar este saber. Mas nisso a nossa escola falha: os alunos não aprendem Português, nem a Matemática. Aqui explicamos as razões e propusemos as soluções.
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