26/07/07

Fantômas

Há um tempo na vida onde a eternidade parece ser a própria natureza das coisas. Esse tempo é aquele em que vivemos no país encantado da infância e da primeira adolescência. O Verão, por esses dias, era se não a própria eternidade, pelo menos uma imagem dela. Aí quando o espírito ainda não estava inquieto, havia tempo para as leituras, enormes leituras, estivais. A passear pela Internet, em escavação arqueológica, descobri uma dessas leituras. As obras de Pierre Souvestre e Marcel Allain que possuíam por protagonista um anti-herói, Fantomas (Fantômas, na tradução portuguesa), criminoso genial, em luta contra o comissário Juve, sob o olhar de Fandor, o jornalista. Quase 100 anos depois da saída do primeiro Fantômas, ainda esta trilogia – malfeitor, polícia, jornalista – mantém um papel central na vida das sociedades contemporâneas. Vejam-se os telejornais. Aqui em baixo fica uma das capas do primeiro volume da série Fantômas.

Na altura em que surgiu a série (1911 – 1913), despertou o entusiasmo da grande intelectualidade de língua francesa. Blaise Cendras chegou a considerá-la, não sem amplo exagero, “a moderna Eneida”. Appolinaire considerou que “Fantômas, do ponto de vista imaginativo, é uma das obras mais ricas que existe”. Mesmo Jean Cocteau afirmou: “lirismo absurdo e magnífico”. Mas naqueles tempos em que li algumas, mas não muitas, aventuras de Fantômas, não fazia a mínima ideia da existência de Cendras, ou de Apollinaire, ou de Cocteau. Lia. Era isso que se fazia, aqueles que o faziam, no calor do Verão. Para concluir o post um vídeo. Louis de Funès, no papel de comissaire Juve, com a pouca graça que sempre lhe achei. Excelente o DS de Fantomas.

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