O objectivo da educação
A educação, bem longe de ter o indivíduo e os seus interesses como único e principal objectivo, é, antes de mais, o meio pelo qual a sociedade renova continuamente as condições da sua própria existência. A sociedade só pode viver se entre os seus membros existir suficiente homogeneidade. A educação perpetua e reforça tal homogeneidade, começando por fixar no espírito da criança as semelhanças essenciais que a vida colectiva requer.
Émile Durkheim, Educação e Sociologia
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Retome-se um dos grandes nomes da Sociologia, um dos seus pais fundadores, Émile Durkheim. No extracto citado expõe-se, ainda que de forma implícita, o paradoxo subjacente à educação. Quando se lê que a educação é “o meio pelo qual a sociedade renova continuamente as condições da sua própria existência”, poder-se-á pensar, devido à presença do verbo renovar, que a educação é o lugar de inovação – seja esta entendida de forma revolucionária socialista, seja de forma revolucionária liberal.
Mas a renovação, no caso concreto, significa conservação. A sociedade conserva-se porque renova as “condições de possibilidade da sua existência”. E que condições são essas? São “a suficiente homogeneidade” entre os seus membros. A educação ao perpetuar e reforçar essa homogeneidade mostra-se, na sua essência, avessa aos ditames de um liberalismo que assenta, pura e simplesmente, na gestão racional dos interesses do indivíduo.
Não foi por acaso que, em muitas sociedades modernas, o Estado foi assumindo um papel central na Educação. Fê-lo para assegurar aquela homogeneização, para evitar a disseminação de visões idiossincráticas.
Émile Durkheim, Educação e Sociologia
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Retome-se um dos grandes nomes da Sociologia, um dos seus pais fundadores, Émile Durkheim. No extracto citado expõe-se, ainda que de forma implícita, o paradoxo subjacente à educação. Quando se lê que a educação é “o meio pelo qual a sociedade renova continuamente as condições da sua própria existência”, poder-se-á pensar, devido à presença do verbo renovar, que a educação é o lugar de inovação – seja esta entendida de forma revolucionária socialista, seja de forma revolucionária liberal.
Mas a renovação, no caso concreto, significa conservação. A sociedade conserva-se porque renova as “condições de possibilidade da sua existência”. E que condições são essas? São “a suficiente homogeneidade” entre os seus membros. A educação ao perpetuar e reforçar essa homogeneidade mostra-se, na sua essência, avessa aos ditames de um liberalismo que assenta, pura e simplesmente, na gestão racional dos interesses do indivíduo.
Não foi por acaso que, em muitas sociedades modernas, o Estado foi assumindo um papel central na Educação. Fê-lo para assegurar aquela homogeneização, para evitar a disseminação de visões idiossincráticas.
O que subjaz ao desejo corrente de privatização da educação? Subjacente encontra-se uma pulsão de destruição da própria comunidade. Entregar a educação aos interesses particulares é o primeiro passo para fazer emergir uma multiplicidade de idiossincrasias em confronto, a que se seguirá o fim da “suficiente homogeneidade”, até que os laços que ligam os indivíduos uns aos outros se rompam. Em muitas sociedades isso já se passa. A sua desagregação está em curso, devido ao afastamento entre os indivíduos e à ideologia individualista triunfante.
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