Helena Matos e o lugar errado da história
O Público tem, de 2.ª a 5.ª feiras, uma espécie de pingue-pongue de opinião, na última página, entre Rui Tavares, julgo que pela esquerda, e Helena Matos, talvez pela direita. Na resposta que hoje Helena Matos dá ao artigo de Rui Tavares diz: “mesmo que os grevistas da Valorsul se tivessem pautado por um cumprimento escrupuloso do direito à greve, a verdade é que eles, tal como os grevistas da função pública, estão cada vez mais do lado errado da História: os direitos sociais e laborais foram construídos no pressuposto de que governos e sindicatos levariam empresas privadas, sempre prósperas, a garantir continuadamente melhores condições de trabalho. O sector estatal seria garantido com as sempre crescentes verbas fiscais. Mas este universo tão perfeito quanto fechado não resistiu aos safanões do mundo.”
Vejam a expressão “lado errado da história” na boca de uma liberal. Não faz lembrar nada? Não faz lembrar o tempo em que os comunistas, de todas as índoles, falavam do processo histórico e de como este confirmaria as suas fantasias? Seria interessante explicar à senhora algumas coisas. Em primeiro lugar, explique-se-lhe que, muitas vezes, é demasiado aviltante e abjecto estar do lado certo da história. Em segundo lugar, explique-se-lhe que os lugares certos e errados da história variam com os humores do tempo (umas leituras do velho Hegel não lhe fariam mal). Em terceiro lugar, explique-se-lhe que haver um lugar certo da história e imaginar que a história corre para lá implica dizer que não há liberdade humana, pois tudo está determinado no caminho para esse glorioso sítio. Era isso que pensavam os materialistas dialécticos, embora achassem que o sítio certo era outro.
Moral da história: mal se raspa ao de leve na carapaça liberal e logo se descobre o discurso totalitário, a crença de possuir razão, de estar do único lado bom. A partir daqui tudo se pode impor aos outros. Por enquanto, de forma democrática, mas se esta não estiver em condições de cumprir o desígnio histórico, haverá outras formas.
Mas nem percebo porque perde tempo a senhora a falar de grevistas da Valorsul e da função pública. Pessoal que trabalha em sítios desses não está por natureza no lugar errado da vida?
Vejam a expressão “lado errado da história” na boca de uma liberal. Não faz lembrar nada? Não faz lembrar o tempo em que os comunistas, de todas as índoles, falavam do processo histórico e de como este confirmaria as suas fantasias? Seria interessante explicar à senhora algumas coisas. Em primeiro lugar, explique-se-lhe que, muitas vezes, é demasiado aviltante e abjecto estar do lado certo da história. Em segundo lugar, explique-se-lhe que os lugares certos e errados da história variam com os humores do tempo (umas leituras do velho Hegel não lhe fariam mal). Em terceiro lugar, explique-se-lhe que haver um lugar certo da história e imaginar que a história corre para lá implica dizer que não há liberdade humana, pois tudo está determinado no caminho para esse glorioso sítio. Era isso que pensavam os materialistas dialécticos, embora achassem que o sítio certo era outro.
Moral da história: mal se raspa ao de leve na carapaça liberal e logo se descobre o discurso totalitário, a crença de possuir razão, de estar do único lado bom. A partir daqui tudo se pode impor aos outros. Por enquanto, de forma democrática, mas se esta não estiver em condições de cumprir o desígnio histórico, haverá outras formas.
Mas nem percebo porque perde tempo a senhora a falar de grevistas da Valorsul e da função pública. Pessoal que trabalha em sítios desses não está por natureza no lugar errado da vida?
1 comentário:
Muito boa reflexão.
E bons conselhos... O pior é o seguinte: quem é que lhe vai explicar tudo isso, sobretudo a ela que se julga detentora de todo o saber?
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