11/12/07

A Cidade Flutuante - 36. No castelo

No castelo,
sobejam as ameias
e uma sombra de árvores
esconde
o barulho de mil colmeias.

Zunem abelhas,
ladram cães,
e tudo corre
lá em baixo
na tarde quente
de pedra e açafrão.

Só os anjos partiram
e levaram suas asas
e o leve roçagar
com que, pelas manhãs,
cruzavam os céus
e olhavam quem
por aqui havia.

Sem anjos,
ficaram os homens
presos nas colmeias
a fugir dos cães,
a ouvir abelhas
a esconder-se
na sombra
da sombra
que cai das ameias.

[JCM. A Cidade Flutuante. 1993/2007]

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