A Cidade Flutuante - 35. Ainda há telhados
Ainda há telhados
pela velha cidade,
vila lhe chamavam,
e gatos silenciosos
e ninhos de andorinhas
nos beirais.
Homens e mulheres
despediram-se,
deixaram a vila entregue
à ruína de quem passa
e escondem-se
em casas sem telhas,
nem gatos,
nem pássaros a voar
sobre os quintais.
Ficou um sonho de futuro
preso aos muros
que o tempo,
o ardiloso arquitecto,
abandonou
ao turbilhão da memória
fundida no esquecimento.
[JCM. A Cidade Flutuante. 1993/2007]
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