O direito a tornar-se numa besta
Segundo o Público, o estudante da Escola Superior Agrária de Coimbra que, numa praxe académica, teve um acidente ficou paraplégico. Parece que o aluno se autopraxou, pois não era caloiro. Foi por livre iniciativa que se lançou de um declive, onde os caloiros eram submetidos às praxes académicas, e se feriu. Nunca consegui perceber a ideia que subjaz a tão estapafúrdia prática. Quando frequentei a universidade, a praxe não existia. Quando reapareceu, sempre estranhei que o «baptismo» nos centros de saber do país fosse a humilhação e um conjunto de práticas pouco respeitadoras da dignidade dos praxados. Há três ou quatro anos, assisti, da janela da casa onde vivo, à praxe de jovens futuros professores e educadores. Via um idiota aos berros e um conjunto de seres aparentemente humanos que se entregavam às mais patéticas manifestações de animalidade. Zurravam, escoiceavam, rebolavam, enfim o triste retrato do que significa entrar no ensino superior em Portugal: o direito a tornar-se numa besta.
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