19/12/07

Ruy Belo - Laboratório I

Não era aquela cara a quem a morte
deu de beber do cântaro mais cheio
de sóis e anéis azuis? Quem de tal sorte
quebrou tão puramente pelo meio-

dia das correrias do recreio?
Ou de lua que lívida a transporte
alguma vez algum olhar veio
que tamanha crianças assim suporte?

Envólucro quebrado contra a aresta
do antigo cipreste, ó fantástica festa
de quem consigo mesmo pela frente

se encontra e reencontra finalmente
E hora entreaberta como esta
em que país do sul Deus nos consente?

[Ruy Belo. "Vita Beata", in Todos os Poemas. Assírio & Alvim]

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