Há um ruído de corvos no lancil do passeio.
Há um ruído de corvos no lancil do passeio.
Ao longe ouve-se a agonia de uma ambulância,
o estrídulo repicar do aço sobre um incêndio de palha.
Se as vozes alvorecem a cantar, adormecem surdas,
deixando um rasto de sangue e saliva
na orla negra, um dia rio lhe chamaram.
Apagaram os faróis e o mar é um cemitério de barcos
carcomidos pelo sal, um depósito de algas negras,
sacos de plástico, peixes e almas em decomposição.
Assim começam todos os anos e assim terminam.
Mas o ardor do álcool e a ilusão do sangue
semeiam quimeras ali onde os dias germinam.