15/12/08

Explosões gregas

Tenho evitado escrever sobre os acontecimentos da Grécia. Há, no entanto, uma coisa que merece ser realçada: a morte ocasional de um jovem de 15 anos, mesmo às mãos da polícia, está longe, muito longe, de poder explicar todos estes dias de tumultos. A sociedade grega esperava por alguma coisa para poder dizer o que lhe vai na alma. E aquilo que lhe vai na alma está longe de ser luminoso. Alguns articulistas vêm na explosão social dos últimos dias um protesto contra o governo de direita de Costas Caramanlis. É verdade, mas é só uma ínfima parte da verdade. Aquilo que emerge é um protesto mais radical contra um modo de vida e contra o próprio Zeitgeist. Dissociar estas explosões daquilo que tem sido a espiral de escândalos da economia mundial e do modo de vida que ela, nos últimos vinte anos, impôs é querer tapar o Sol com uma peneira. A única coisa que importa saber é se estes acontecimentos se ficam pela Grécia ou se se espalham Europa fora, nomeadamente num país como Portugal, onde o equilíbrio social é muito precário.

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