Amanhã farei greve
Raramente adiro às greves de professores. Amanhã, porém, farei greve. São três motivos essenciais que me levam a fazê-lo. Ei-los, dos mais «egoístas» aos mais «altruístas».
1. Faço greve porque gosto de ensinar, mas ensinar mesmo. É isso que faz de mim professor. Este governo criou tal confusão nas escolas que o acto de ensinar se tornou irrelevante. A avaliação de professores projectada é apenas o ataque decisivo contra os professores que o são verdadeiramente, contra aqueles que têm como finalidade profissional transmitir o saber que lhes foi confiado para o distribuir aos outros. Esta avaliação de professores, como outros actos deste governo, visa a desvalorização do ensino.
2. Faço greve também pelos meus alunos. Os meus alunos têm direito a uma escola decente e a professores que ensinem. Se os professores foram ferozmente prejudicados e humilhados pelo governo de Sócrates, as principais vítimas foram os alunos. Foi-lhes roubada, mais uma vez, a possibilidade de terem uma escola que os prepare seriamente para os desafios que terão pela frente.
3. Faço greve porque acredito na missão da escola pública. Não no simulacro de escola que este governo pretende impor aos portugueses, mas de uma escola pública marcada por níveis elevados de exigência e de apoio aos alunos. Os alunos provenientes dos meios mais desfavorecidos não precisam de uma escola pública baseada na facilidade. Pelo contrário, a única forma deles saírem dessa situação social é terem à sua disposição uma escola pública de grande qualidade.
4 comentários:
Revejo-me absolutamente em cada uma das suas palavras. É por isso que amanhã também farei greve. Nunca senti uma revolta tão grande nem tamanha força para lutar! Venceremos porque temos espinha dorsal, porque amamos a escola e os nossos alunos.
Lutarei, porque quero continuar a ensinar com alegria e olhar de frente para os meus alunos. Lutarei porque a alternativa é morrer um pouco todos os dias...
Não sei se será, exactamente, o caso. Mas sei o que é aderir a greves correndo sérios riscos.
Meus amigos - a todos os que se vos podem equiparar -: Força!
Pelas razões que JCM apontou, força!
Como mãe, agardeço toda a Vossa coragem como professores e como educadores nas escolas de hoje.
Estou Convosco. Hoje, amanhã e Sempre.
Lutem!
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