A Cidade Flutuante - 28. Havia lojas e ruas e praças
Havia lojas e ruas e praças
e gente
e um tumulto de pombos
a bater as asas.
Tudo era tão estreito,
um mundo acanhado
de jardins suaves
e passos nunca apressados.
Havia tílias e acácias,
roseiras espinhadas,
um canteiro de violetas
e vasos de aspidistras
junto aos limoeiros.
Se o Verão chegava,
acendiam-se fogueiras
e rapazes e raparigas
saltavam de mãos dadas
na esperança de um sorriso
ou de um bater de asas.
Não há lojas nem gente pelas praças,
nem fogueiras se vem o Verão,
nem ruas com gente a sair das casas.
Aos rapazes e às raparigas
há muito se apagou o coração.
[JCM. A Cidade Flutuante. 1993/2007]
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