31/12/07
Joan Sutherland Luciano Pavarotti Brindisi Verdi La Traviata
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Carlo Bergonzi & Joan Sutherland - Libiamo Ne' Lieti Calici
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Anna Netrebko & Rolando Villazón - La Traviata - Libiamo, ne' lieti calici...
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Domingo, Carreras & Pavarotti - Libiamo Ne' Lieti Calici
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Mario Lanza & Elaine Malbin - "Libiamo Ne' Lieti Calici"
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24/12/07
O Holy Night - Placido Domingo
Pronto, é do espírito da quadra. Não tarda muito e estou a ver a Música no Coração.
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23/12/07
Ruy Belo - O Valor do Vento
Está hoje um dia de vento e eu gosto do vento
O vento tem entrado nos meus versos de todas as maneiras e
só entram nos meus versos as coisas de que gosto
O vento das árvores o vento dos cabelos
o vento do inverno o vento do verão
O vento é o melhor veículo que conheço
Só ele traz o perfume das flores só ele traz
a música que jaz à beira-mar em agosto
Mas só hoje soube o verdadeiro valor do vento
O vento actualmente vale oitenta escudos
Partiu-se o vidro grande da janela do meu quarto
[Ruy Belo. "País Possível", in Todos os Poemas. Assírio & Alvim]
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O BCP e os sinais do tempo
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Os homens já andam
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22/12/07
Ruy Belo - Inverno e Verão
Tu trazes até mim a tua longa mão
estende-la como uma ponte entre nós dois inverno e verão
garantes que ela tem por trás o coração
e no entanto só te chamo irmão
Cada um de nós é como antes uma solidão
e nada significa a nossa saudação
[Ruy Belo. "Inverno", in Todos os Poemas. Assírio & Alvim]
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Anuncia-se um Natal
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21/12/07
Ruy Belo - In Memoriam
Todos os anos são anos de morte
Os anos morrem por partes dia a dia
O poeta pode ser fraco pode ser forte
por vezes vai dar uma volta e demora
A treze do mês de outubro foram-se embora
manuel bandeira e cristovam pavia
Todas as mortes nos matam um pouco
seja a de um santo seja a de um louco
Na irmã morte viva a poesia:
Viva bandeira viva pavia
[Ruy Belo. "Outono", in Todos os Poemas. Assírio & Alvim]
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Pavarotti - O Holy Night
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Jornal Torrejano, 21 de Dezembro de 2007
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20/12/07
19/12/07
Ruy Belo - Laboratório I
Não era aquela cara a quem a morte
deu de beber do cântaro mais cheio
de sóis e anéis azuis? Quem de tal sorte
quebrou tão puramente pelo meio-
dia das correrias do recreio?
Ou de lua que lívida a transporte
alguma vez algum olhar veio
que tamanha crianças assim suporte?
Envólucro quebrado contra a aresta
do antigo cipreste, ó fantástica festa
de quem consigo mesmo pela frente
se encontra e reencontra finalmente
E hora entreaberta como esta
em que país do sul Deus nos consente?
[Ruy Belo. "Vita Beata", in Todos os Poemas. Assírio & Alvim]
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Richard Strauss - Die Frau ohne Schatten
´
Nun will ich jubeln. Direcção G. Solti
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18/12/07
Ruy Belo - Quirógrafo
É tão depressa dia e nada nos redime
Alguém não despertou ficou na noite
Vieram de manhã uns homens que varreram
a restante alegria destas ruas
A criança na roda entoará:
estão hoje fundos os pássaros
estão hoje fundos os pássaros
quem no-los tirará de lá?
Tão vasta como o mar a nossa dor
alguém nos poupará de nela naufragar?
[Ruy Belo. "Relação", in Todos os Poemas. Assírio & Alvim]
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Os caminhos sul-africanos
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Vittore Carpaccio - Holy Family with Two Donors
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Um céu coberto de nuvens
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17/12/07
Ruy Belo - Acontecimento
Aí estás tu à esquina das palavras de sempre
amor inventado numa indústria de lábios
que mordem o tempo sempre cá
E o coração acontece-nos
como uma dádiva de folhas nupciais
nos nossos ombros de outono
Caiam agora pálpebras que cerrem
o sacrifício que em nossos gestos há
de sermos diários por fora
Caiam agora que o amor chegou
[Ruy Belo. "Dedicatória", in Todos os Poemas. Assírio & Alvim]
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O processo UGT e tempo da justiça
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Leonardo da Vinci - Virgem com o Menino e Santa Ana
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In principio erat... XV
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16/12/07
Ruy Belo - Para a dedicação de um homem
Terrível é o homem em que o senhor
desmaiou o olhar furtivo das searas
ou reclinou a cabeça
ou aquele disposto a virar decisivamente a esquina
Não há conspiração de folhas que recolha
a sua despedida. Nem ombro para o seu ombro
quando caminha pela tarde acima
A morte é a grande palavra desse homem
não há outra que o diga a ele próprio
É terrível ter o destino
da onda anónima morta na praia.
[Ruy Belo, "Apresentação", in Todos os Poemas, Assírio & Alvim]
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De "A Cidade Flutuante" a Ruy Belo
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O Estado-Nação e a história
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Arild Andersen - Hyperborian
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Leonardo da Vinci - Virgem com o Menino, Santa Ana e S. João Baptista
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Hans Jonas e a necessidade de uma nova ética
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Há uma brancura difusa
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In principio erat... XIV
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15/12/07
A Cidade Flutuante - 40. Desfiava as contas pelos dedos
Desfiava as contas pelos dedos
e via a cidade, colecção
de naturezas mortas,
o trabalho de um construtor
de herbários
a juntar pétalas e fetos,
um caule apodrecido
no suor,
dos dedos se desprendia.
Não eram borboletas
nem aves de rapina,
o que no céu então subia.
No alto, nas nuvens opacas,
quase translúcida, vogava
a serra, plácido barco
num mar encapelado,
a cortar ventos,
a esconder segredos,
pequenos desígnios
a arder no cálice do horizonte.
Coração impenitente,
onde te escondes que não te sinto?
Constróis cidades de ervas e flores
e pedras vindas do alto
dessa serra onde fomos,
na verdura dos anos,
olhar de soslaio
e descobrir entre matos
o rosmaninho bravio
da cidade a conquistar.
Coração errante,
Para que queres tu habitar
a morada que te dou?
Já não te chegam os herbários,
nem a natureza morta,
nem as aves de rapina
a fingir borboletas.
Não te chega os anos
que vieram,
o enfraquecer do pulso,
a combustão que diminui,
a água que se solta do poço
e pelas ruas ébria
se vai.
Não te chega a pele que tocaste,
o arfar silencioso
com que os corpos
se davam à tarde,
ceifados de cansaço,
a tremer como se de Deus
então fugissem.
Ó sombra,
velho verdugo,
caíste sobre
as lajes onde caminhei,
de coração
incendiado,
errante,
impenitente,
a desfiar contas,
a coleccionar naturezas mortas,
abismos de pedra
em ruas de cal.
Sombra,
que te desfias em trevas,
onde perdeste
o gosto pela luz?
Se uma rede
ainda houvesse,
deitar-me-ia nela
e aconchegado
pelo vento da avenida
esperaria a noite
até os olhos,
de tão abertos,
se esquecerem da vida
e no abrigo
das pálpebras
desenharem
o herbário húmido
onde a morte se tece.
[JCM. A Cidade Flutuante. 1993/2007]
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José Manuel Fernandes e os directores de escola
José Manuel Fernandes, depois de evidenciar os pontos de contacto eventualmente existentes no bloco central sobre o problema, toma em mãos a retórica da ruptura. É necessário romper, escreve, com a actual forma de contratar os professores. Que os directores “possam contratar os professores com quem trabalham, em vez de receberem os professores que um computador central lhes envia”.
A segunda ruptura passaria pela transformação das provas de aferição do 4.º e 6.º anos em exames a contar para a classificação dos alunos.
Vejamos como ideias aparentemente interessantes se mostram deslocadas ou insuficientes.
Será a introdução de um director escolar um passo à frente? Se o director escolar fosse um professor com pelo menos 30 anos de idade, seis anos de serviço docente e um curso rigoroso de direcção escolar. Curso esse a ser feito, por exemplo, no Instituto Nacional de Administração e virado para a problemática da direcção dos estabelecimentos de ensino, a ideia seria belíssima e estaríamos a começar a trabalhar seriamente. Esses novos directores deveriam poder concorrer às escolas através de concurso público (parece que é inconstitucional), deveriam ter uma carreira própria e deveriam ser avaliados pela forma como dirigiam a sua escola. Aquilo que se perfila não é nada disto. Não se conhece a qualificação exigível, mas é de supor que será idêntica à actual. O que será um mau sinal. Depois, o recrutamento será feito por um conselho geral da escola. Ainda não se conhecendo pormenores sabe-se já que o conselho será composto por representantes dos docentes, dos encarregados de educação, dos alunos do secundário, das autarquias e das actividades locais. É aqui que começa o problema todo. As autarquias vão ter uma palavra a dizer na escolha dos dirigentes escolares. Se vivêssemos no centro da Europa, eu aplaudiria. Em Portugal, vai ser o primeiro passo para partidarizar as direcções escolares. Só quem não quer ver é que achará que estou a exagerar. É evidente que o melhor director não vai ser o que tem melhor preparação para o cargo, mas aquele que der mais confiança política aos partidos dominantes, por norma mancomunados com os interesses locais, pomposamente designados por actividades locais. Não estranho que o governo vá entregar as escolas e a vida dos professores nas mãos das autarquias. Se lhes tira dinheiro, é preciso que as compense e, na generalidade dos concelhos, ter as escolas na mão é um bom trunfo político-partidário. O que não percebo é a desatenção de José Manuel Fernandes.
Imagine-se, agora, que o director, escolhido pelo método proposto, vai poder contratar os professores. Já toda a gente sabe que haverá «excelentes» professores, talvez até pagos acima da média, que serão contratados porque apresentam a competência fundamental de serem amigos do director, ou do presidente da câmara, ou de um vereador, ou de alguém influente nesse estranho mundo das actividades. Quem é que não sabe disto? José Manuel Fernandes vive onde? Na Finlândia? Em Marte?
Estou de acordo com o director do Público quanto à transformação das provas de aferição do 4.º e 6.º anos em exames. Mas não chega. É preciso alargar o leque de exames a todas as disciplinas, mesmo no primeiro ciclo os alunos deveriam ser examinados na área do Estudo do Meio (combina História, Geografia, Ciências da Natureza e Ciências Físico-Químicas). Esse alargamento deveria acontecer também no 9.º e 12.º anos. Em todas as disciplinas os alunos deveriam prestar provas públicas.
Mas isto teria um inconveniente político: as reprovações multiplicar-se-iam e obrigariam a que se perguntasse porquê. Então cairia toda a verborreia dos especialistas e ministros da educação.
Não basta haver exames. É necessário um currículo nacional com sentido, o actual é de uma pessoa rir e chorar ao mesmo tempo. Mas um bom currículo também não basta. Haveria que atacar os dois principais problemas que existem nas escolas: 1.º) uma cultura dos alunos, fomentada fora da escola, completamente adversa ao estudo e ao trabalho sério; 2.º) uma cultura dos professores, fomentada pelo ministério e pela incúria, desligada do saber e da universidade e baseada na burocracia e no eduquês.
Ora quem quer mexer nestes dois pontos? Quem quer, por exemplo, dizer que os professores do 1.º ciclo devem fazer formação ligada às universidades de Letras e de Ciências e não às ESE’s? Quem diz aos pais que os meninos têm de trabalhar em casa sem telemóvel, jogos e televisão? Quem diz que o principal dever de um professor é dominar aquilo que ensina e não ser especialista em «estratégias» e outras idiotices que colonizam o discurso escolar?
Alterar o triste rumo da educação portuguesa nem seria muito difícil, desde que se estivesse disposto a enfrentar estes dois problemas. Um director escolar, sem isto, não é passo nenhum para sítio algum. É mais uma medida cuja finalidade vai ser criar mais e mais confusão.
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Sábado de branca luz
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In principio erat... XIII
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14/12/07
A Cidade Flutuante - 39. Se balbuciasses as palavras
Se balbuciasses as palavras
que nas tardes quentes
te ensinei,
o Verão sempre as trazia,
se as soletrasses
naquelas horas
onde o dia para a morte resvala,
se as soubesses
no sítio a que chamas
o meu coração,
haveria um rumor
de plantas a caminhar,
a deixar pegadas sobre a água,
e uma luz de cristal
na manhã que vai.
Vejo as bocas emudecidas
nos gritos que delas saem
e o olhar vítreo
é um espinho,
na alma o enterras,
um cavalo abandonado
à porta de quem foi
e não torna mais.
Porque emudece o mundo?
Palavras flutuantes,
azedas,
palavras mortais,
as sílabas desfeitas,
letras quebradas,
um resto de sílica
na penumbra onde
os deuses para nós
as sonharam.
Tudo fala e grita
e um bando de aves
traz da minha surdez
o sinal.
Paro, as casas são uma pústula
e a vida a tudo infecta,
contamina
como um vício de cerejas
sobre a largura da mesa.
São assim as palavras,
se da boca saem,
uma ilha perdida
no mar azul do silêncio.
Gritas?
Ó balbuciasses apenas
as palavras
que há sombra
destas árvores te dei…
[JCM. A Cidade Flutuante. 1993/2007]
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Jornal Torrejano, 14 de Dezembro de 2007
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Agitam-se já as ruas
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In principio erat... XII
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13/12/07
A Cidade Flutuante - 38. Oliveiras e figueiras
Oliveiras e figueiras
habitavam os campos
pela brancura do chão,
deixavam o sol vir sobre elas
e cavalgá-las,
enchê-las de frutos
como as mulheres
se enchiam de filhos.
E por lá havia gente
e azeite e figos
e pássaros tardios
a poisar sobre os ramos
e ouvia-se a terra
enquanto as nuvens passavam
ou alguém cantava.
Cortaram os canaviais
e depois tombaram as figueiras,
a última oliveira despediu-se
ontem de mim.
No calcário da terra,
nascem agora raízes de betão,
a pedra fria
onde os homens se sentam
a ver passar aquilo que passa,
como se a terra tivesse sido
pela lepra tomada
e uma chaga de ruído
assim a cobrisse.
Tudo se tornou inodoro
e os insípidos dias correm
sem conserto
entre torres desfraldadas
ao vento da tarde.
Se falam, não são palavras
que da boca saem,
mas bocejos,
um cansaço arenoso,
pois o pântano avançou
com as suas sombras,
tragou as nespereiras e os quintais,
as raparigas de madeixa,
o comércio fruste
onde todos se acolhiam,
a vender e a comprar,
assim se equilibravam
da balança os pratos.
Não têm rosto os que vendem,
perderam a face os que compram,
ouve-se apenas o bocejar
das raparigas sem madeixa
naquele vazio infinito,
nos lugares onde
o sol vinha cavalgar
oliveiras e figueiras,
enchê-las de filhos
e às mulheres de frutos.
[JCM. A Cidade Flutuante. 1993/2007]
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O Tratado de Lisboa
Não sou particular adepto do instituto do referendo, mas em casos excepcionais, como o da alienação de parte da soberania, seria prudente ouvir os povos. Quando se tem medo desses povos, não há tratado algum que devolva esperança ou confiança seja lá no que for. É provável, contrariamente ao que pensam os iluministas serôdios que nos governam, que as verdadeiras complicações na Europa só agora comecem.
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Karita Mattila sings Schönberg's Gurrelieder at the Proms
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Hans Burgkmair - Holy Family with the Child St John
Siglos XV y XVI. Renacimiento, c. 1525. Óleo sobre tabla. 74,2 x 53,5 cm. Staatliche Museen, Berlin.
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Problemas ambientais?
Segundo noticia a Lusa, a década de 1998-2007 foi a “mais quente de que há registo”. Em 2007, registou-se o nível mais baixo de sempre de gelo no Ártico. Consta também que tem havido umas despropositadas cheias e tempestades de areia em muitos lugares desta pobre Terra, para não falar dos furacões que vão entretendo os dias lá para os lados do Pacífico. Também a temperatura da superfície do planeta se lembrou de começar a subir e o nível do mar, para não ficar atrás, está a subir 3 mm ao ano, enquanto a média no século passado foi de 1,7 mm.
Nunca tive uma especial inclinação pelos movimentos ecologistas, mas quando vejo certas luminárias, nacionais e internacionais, a dizer que não há evidência relevante sobre a existência de um problema ambiental sério, dá-me vontade de vestir de verde (honni soit qui mal y pense!).
Não é por acaso que muita gente tenta desmentir aquilo que está aos olhos de todos. O que está em causa é, de forma radical, o nosso modo de vida e os interesses que o protegem, fomentam e incentivam. Não vai ser a revolta dos homens contra um mundo absurdo que o vai parar. Vai ser a própria natureza que acabará por pôr a casa em ordem. Connosco ou talvez dispensando a nossa ajuda e a nossa presença. Sendo assim, em Bali não se está a passar nada e eu vou-me sentar tranquilamente a ler uma tradução francesa do Das Prinzip Verantwortung, que é como quem diz O Princípio de Responsabilidade, de Hans Jonas.
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In principio erat... XI
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12/12/07
A Cidade Flutuante - 37. A luz de Novembro
A luz de Novembro
cai ao crepúsculo
e tudo se ilumina
antes de chegar o frio,
as casas, as ruas,
os campos que há,
até o rio pelas margens
ou o meu corpo,
preso nas folhas,
coberto de chagas,
esquecido de dores,
talvez de mágoas.
[JCM. A Cidade Flutuante. 1993/2007]
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Enrico Rava And Richard Galliano play Spleen
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A violência e o Estado
Para onde quer que nos viremos, o problema é sempre o mesmo: a retracção do Estado. A lógica liberal, ao transformar-se numa crença global de explicação da sociedade, começou a minar os fundamentos do Estado, fazendo uma enorme pressão para que ele abandonasse a cena e deixasse o espaço para os interesses privados. O grande problema é que o liberalismo político fundamenta-se numa ficção: o Estado resultaria de um contrato livre entre seres racionais. Historicamente, isso não passa de um devaneio da imaginação. Os Estados são a lenta evolução das comunidades humanas e constituíram-se como pólo de decisão dessas comunidades que querem permanecer comunidades. O que estamos a assistir é a um processo de aniquilamento não apenas dos estados, mas das próprias comunidades que suportam esses estados. O crescimento dos fenómenos de corrupção, a emergência de zonas sob as mãos de grupos criminosos, o aumento da violência da criminalidade, são outros tantos sintomas de um mal que está o corroer o Ocidente.
Se o liberalismo continuar a sua cavalgada nas sociedades ocidentais, o futuro destas será cada vez mais precário. O Estado será cada vez mais impotente para assegurar não apenas a coesão da comunidade nacional, como a própria segurança dos cidadãos. Como a História não pára, comunidades à deriva serão pura e simplesmente presa fácil de quem não vive segundo as ficções liberais.
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