O triunfo de uma nação

Assim, o que esteve em causa não foi a disputa sobre a superioridade de um regime político-económico (socialismo versus capitalismo), mas a afirmação de uma potência ascendente na cena internacional. Desde a organização até à competição propriamente dita, a China nada descurou e obteve um triunfo em toda a linha. Mas que mensagens deixou a China ao mundo? Por entre a racionalidade que caracteriza os dirigentes chineses, ficou claro que a China quer ser mais do que uma potência de segunda ordem. Ela aspira ao papel de hiperpotência e mesmo ao de potência hegemónica. Em segundo lugar, tornou-se evidente que o horizonte para onde a China pretende caminhar não é o de continuar a ser eternamente o lugar da mão-de-obra barata. Quem aspira a hegemonia política mundial só o pode fazer se aspirar a ser também uma hiperpotência científico-tecnológica. Os jogos serviram para sublinhar este aspecto.
O mais curioso, todavia, é que o caminho que está a ser seguido não é, como aconteceu no Ocidente, o corte radical com a tradição. Pelo contrário, o que assistimos foi a uma subtil montagem onde tradição e modernidade se fundiram escoradas na afirmação do poder do Estado-Nação. Os Jogos Olímpicos foram o triunfo de uma nação, num tempo em que os políticos europeus não sabem que fazer com os seus próprios estados-nação.
Sem comentários:
Enviar um comentário