09/08/08

Ida à praia

Há cerca de quinze dias junto ao mar e ainda só duas vezes fui àquilo que é costume chamarem praia. Gosto de ver o mar em silêncio e na solidão, deixar-me envolver pelo ritmo das ondas, sentir o cheiro, olhar o horizonte, acompanhar o voo incerto das gaivotas. As praias, porém, têm pessoas e sol em demasia e tudo se torna inócuo perante essa presença. Aquilo que há de essencial não é a frescura nem o insuportável convívio com a humanidade. O essencial é esse encontro secreto entre a água e a terra, entre a volubilidade que a tudo se adapta e a solidez que tudo suporta. Entre uma e outra é o lugar do homem, mas este expulsou-se a si mesmo dessa fronteira e transformou-a, com a sua presença farisaica, num lupanar. Já não tenho idade para o frequentar.

2 comentários:

CR disse...

Não diria melhor.Boas férias.

maria correia disse...

É, infelizmente, verdade. Mas existem ainda praias desertas...ou quase...tenho andado por algumas...
Boas férias!