A anunciação
Sílvio Berlusconi decidiu, em cumprimento de uma promessa eleitoral, militarizar oito grandes cidades italianas. O problema central é o da segurança. A diminuição da criminalidade e da imigração ilegal são os objectivos destas medidas. As sociedades europeias têm vindo a sofrer um conjunto de mutações que têm tido como resultado o aumento da insegurança sentida pelos cidadãos. Há muitas almas indignadas, como é hábito, com a presença dos militares na rua. No entanto, é preciso perceber que a questão da segurança é o fundamento de qualquer comunidade e, especialmente, das comunidades democráticas. Sem a segurança do espaço público, sem o sentimento de que se pode andar à vontade pelas ruas da cidade onde se vive, o exercício da cidadania democrática é ilusório. Mas o recurso aos militares não deixa de ser uma confissão de que algo saiu fora do eixos, isto é, do controlo das estruturas políticas e da própria polícia. Podemos ficar tranquilamente a pensar que o que se está a passar em Itália é um devaneio de um homem como Berlusconi. Talvez fosse, porém, mais sensato percebê-lo como a anunciação dos tempos que aí vêm, gostemos ou não.
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