Nuno Crato - Calendários Escolares
"Um estudo apresentado este mês na American Sociologial Association pelo sociólogo e estatístico Paul von Hippel vai ainda mais longe. Mostra que as vantagens de estender o ano escolar são muito duvidosas, mesmo quando o ano não é prolongado apenas por ineficiência, como se passa entre nós, mas é usado em aulas. Analisando os resultados de 1019 escolas nos Estados Unidos, onde o calendário escolar é definido localmente, o estatístico verificou que um ano escolar prolongado não se traduz em vantagens académicas para os alunos. Ter férias faz bem. Trabalhar faz bem. O pior é empatar o tempo." Nuno Crato, Calendários Escolares, Única/Expresso, 8/9/2007.
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Imaginemos agora algumas perguntas.
1. Por que razão o calendário escolar, em Portugal, é cada vez mais prolongado?
A razão é política e não educacional. O prolongamento do calendário escolar não beneficia os alunos. Pelo contrário, rouba-os às famílias, desgasta-os, fá-los arrastar nas escolas sem proveito algum. A tradição escolar, que estava de acordo com o bom senso, implicava um calendário escolar menor, tempos de intenso trabalho escolar e longos períodos de férias para outras actividades.
Os políticos, porém, viram sempre no prolongamento artificial do calendário escolar um motivo para ganhar votos e fazer demagogia. Como? Em primeiro lugar, armar-se em justicialistas obrigando o professorado a deixar de ter «tempo livre», aproximando a profissão das outras. Este tipo de demagogia é eficaz, pois quem não é docente não percebe o que distingue essa profissão das outras. Mas o que acaba por «consolidar» os votos é o facto deste prolongamento artificial das aulas libertar os pais do cuidado com os seus filhos.
O interessante nisto é a forma como se prejudica os alunos aparentando estar a contribuir para uma melhoria da educação. Mas a única coisa que está em jogo é o poder político e a forma como ele se consolida à custa de professores e alunos.
2. Se as escolas portuguesas, uma a uma, pudessem definir o calendário escolar, o que aconteceria?
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Imaginemos agora algumas perguntas.
1. Por que razão o calendário escolar, em Portugal, é cada vez mais prolongado?
A razão é política e não educacional. O prolongamento do calendário escolar não beneficia os alunos. Pelo contrário, rouba-os às famílias, desgasta-os, fá-los arrastar nas escolas sem proveito algum. A tradição escolar, que estava de acordo com o bom senso, implicava um calendário escolar menor, tempos de intenso trabalho escolar e longos períodos de férias para outras actividades.
Os políticos, porém, viram sempre no prolongamento artificial do calendário escolar um motivo para ganhar votos e fazer demagogia. Como? Em primeiro lugar, armar-se em justicialistas obrigando o professorado a deixar de ter «tempo livre», aproximando a profissão das outras. Este tipo de demagogia é eficaz, pois quem não é docente não percebe o que distingue essa profissão das outras. Mas o que acaba por «consolidar» os votos é o facto deste prolongamento artificial das aulas libertar os pais do cuidado com os seus filhos.
O interessante nisto é a forma como se prejudica os alunos aparentando estar a contribuir para uma melhoria da educação. Mas a única coisa que está em jogo é o poder político e a forma como ele se consolida à custa de professores e alunos.
2. Se as escolas portuguesas, uma a uma, pudessem definir o calendário escolar, o que aconteceria?
O calendário seria dilatado até à paranóia. Em concorrência entre si pelos alunos, as escolas não hesitariam em ser ainda mais demagógicas do que os políticos. Como a percepção educativa dos pais radica mais no seu interesse de ter os filhos ocupados do que nas aprendizagens que estes podem fazer, as escolas transformar-se-iam em autênticas colónias penais, de onde os alunos mal poderiam sair, ocupados com aulas.
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