Menezes, o debate político, a regionalização e o inferno
Ouvi as elucubrações de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a vitória de Menezes no PSD. Há duas coisas que merecem referência. A primeira, a não existência, durante a campanha, de debate político. Marcelo evitou explicar porquê. Mas a resposta é fácil: Sócrates esgotou os temas que o centro-direita poderia discutir. Sócrates faz e faz à direita e faz melhor do que o PSD alguma vez fez, mesmo o de Cavaco. A segunda liga-se à sibilina referência ao bloco central de interesses. Aí vai acontecer uma coisa interessante: a regionalização. Menezes é um óptimo aliado de Sócrates para regionalizar o país. Eu, em abstracto e em princípio, nada tenho contra o facto, até votei a favor no último referendo. Agora, porém, que estou mais velho, a coisa não me cheira tão bem. Ver o país repartido por gente tipo Jardim, Menezes, etc., sejam de esquerda ou de direita, faz-me uma certa comichão. A tentação política de regionalizar é grande, pois é necessário dar ocupação à malta dos partidos. Se nós vivêssemos no centro da Europa eu aplaudia de pé a ideia, mas em Portugal... A eleição de Menezes, só por este facto, pode tornar-se um inferno para o país. Aguardemos.
1 comentário:
Caro JCM,
Primeiro o meu amigo não deve confundir o conceito de Regiões autónomas com o de Regiões administrativas. São entidades politica e administrativamente muito distintas. A regionalização administrativa se for bem conduzida em termos de legislação de suporte não tem esses riscos que enumera.
Agora verdadeiramente grave e mesmo dramático é o que se passa neste país por força da chamada não-regionalização. Temos um país macrocéfalo, assimetrico e a caminhar a passos largos para a cauda da UE a 25.
Para ter uma perspectiva mais abrangente sobre estas matérias, convido-o a visitar o
Regionalização
Cumprimentos,
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