A Declinação da Sombra III
Por estes dias trazia a branca
luz entreaberta e,
pela estrada de poeira, germinavam
faúlhas, pedras lascadas,
uma semente presa naquela mão.
Escrevo para meus filhos um canto,
a promessa frágil da manhã
sobre o frio da noite e do Inverno.
E quando a outra luz a dos olhos se entregar,
ergam o facho de giestas,
um fogo de azeite e lâmpadas no altar.
Nos silos, de dedos abertos,
peguem na erva verde
e na solidão das horas semeiem
um risco de cal
na escura parede da Terra.
JCM, A Declinação da Sombra, 1998
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