11 de Setembro de 2001

Seis anos passaram sobre o atentado contra as Twin Towers e o Pentágono. Para além da dor e da estupefacção, há o olhar impiedoso da razão política. Do ponto de vista da História Universal, qual o significado dos atentados de há 6 anos? Salientaria dois:

1. Transformaram o Islão, na sua multiplicidade, em grande protagonista da História política global. Os problemas com o Islão deixaram de ser regionais e passaram a ser universais. Osama Bin Laden, vivo ou morto, passou a ser um dos actores (agora diz-se players) fundamentais do drama histórica da humanidade globalizada. Há, nesta vertente, uma vitória clara dos islamistas.

2. Consolidou a transição de paradigma (palavra cada vez mais horrível) político. Depois da queda do muro de Berlim, vivia-se no ocaso de um paradigma marcado pelo conflito entre socialismo e capitalismo, entre visão liberal e visão comunitário-estatista. O 11 de Setembro acabou por funcionar como o momento em que a questão fundamental da política internacional passou a ser o conflito entre a visão ocidental e o fundamentalismo. Curiosamente, nesta perspectiva, o 11 de Setembro não deixa de ser um duplo triunfo dos novos inimigos. Se o Islão se torna um protagonista essencial da cena histórica, o liberalismo triunfa ao tornar a querela com o socialismo numa coisa do passado. As consequências disto serão objecto do artigo a publicar no Jornal Torrejano, na próxima 6.ª feira.