Raiz de Maio - VI Uma raiz de silêncio
Uma raiz de silêncio
cavalga a espuma.
Uma raiz de morte
cresce no sulco da vida.
Uma raiz de névoa
incendeia o sol de bruma.
Uma raiz de Maio
é lua avara e desmedida.
Jorge Carreira Maia, A Raiz de Maio (1993)
A verdade é um erro exilado na eternidade. (Cioran)
Uma raiz de silêncio
cavalga a espuma.
Uma raiz de morte
cresce no sulco da vida.
Uma raiz de névoa
incendeia o sol de bruma.
Uma raiz de Maio
é lua avara e desmedida.
Jorge Carreira Maia, A Raiz de Maio (1993)
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
22:41
0
comentários
Marcadores: Poesia - em mim
Ouvi as elucubrações de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a vitória de Menezes no PSD. Há duas coisas que merecem referência. A primeira, a não existência, durante a campanha, de debate político. Marcelo evitou explicar porquê. Mas a resposta é fácil: Sócrates esgotou os temas que o centro-direita poderia discutir. Sócrates faz e faz à direita e faz melhor do que o PSD alguma vez fez, mesmo o de Cavaco. A segunda liga-se à sibilina referência ao bloco central de interesses. Aí vai acontecer uma coisa interessante: a regionalização. Menezes é um óptimo aliado de Sócrates para regionalizar o país. Eu, em abstracto e em princípio, nada tenho contra o facto, até votei a favor no último referendo. Agora, porém, que estou mais velho, a coisa não me cheira tão bem. Ver o país repartido por gente tipo Jardim, Menezes, etc., sejam de esquerda ou de direita, faz-me uma certa comichão. A tentação política de regionalizar é grande, pois é necessário dar ocupação à malta dos partidos. Se nós vivêssemos no centro da Europa eu aplaudia de pé a ideia, mas em Portugal... A eleição de Menezes, só por este facto, pode tornar-se um inferno para o país. Aguardemos.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
22:36
1 comentários
Marcadores: Comentário, Política
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
21:02
0
comentários
Marcadores: Escrito na areia, Política
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
20:33
0
comentários
Marcadores: Fotografia
De Maio o silêncio,
a voz surda ao cantar.
De Maio a dor,
o vento queima ao soprar.
De Maio a terra seca,
um olhar de cio e mágoa.
De Maio a morte e a raiz,
o metal ardente ao sair da frágua.
De Maio o gesto cansado,
o Verão iluminado e sem fim.
De Maio a terra e o sol,
o sílex a crescer no fundo de mim.
Jorge Carreira Maia, A Raiz de Maio (1993)
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
12:45
0
comentários
Marcadores: Poesia - em mim
Uma das ideias correntes, na vulgata educacional que corrói os sistemas educativos, é a da importância da abertura da escola à comunidade. Mas será a ideia virtuosa? O que acontece, por norma, com essa abertura é qualquer coisa de inesperado. A escola abandona o seu ethos e a sua deontologia para absorver os da comunidade em que existe e reproduzir, dentro do ambiente escolar, aquilo que é vivido fora da escola.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
12:42
0
comentários
Marcadores: Educação, Falácias Educacionais, Política, Sociedade
Para este fim-de-semana propõe-se uma longa viagem à música de um dos grandes pianistas de Jazz da actualidade, melhor de um dos grandes pianistas de Jazz de sempre: Keith Jarrett. O CD que se propõe é uma box de seis CD, com o título de Keith Jarrett at The Blue Note. O repertório é constituído por um conjunto de standards, mas não só. O trio é composto, para além de Jarrett, pelo baterista Jack DeJohnette e pelo Baixo Gary Peacock.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
12:38
1 comentários
Marcadores: Música
Esta semana, como se previa, retornou o Jornal Torrejano. Na primeira página, a aventura dos idosos da Zibreira pelos tenebrosos mundo da informática e a descida aos infernos televisivos. Referência, também, para a adesão do Município de Torres Novas ao plano nacional de leitura.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
12:02
0
comentários
Marcadores: Comentário
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
11:54
0
comentários
Marcadores: Crónicas Normandas
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
07:29
0
comentários
Marcadores: Fotografia
Um animal transbordante nasce em tua mão
e naquele sangue leve e antigo
abre-se uma ferida na raiz do coração.
Jorge Carreira Maia, A Raiz de Maio (1993)
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
23:26
0
comentários
Marcadores: Poesia - em mim
O arcebispo de Maputo, D. Francisco Chimoio, acusou dois países europeus de estarem a matar a população africana. Não só os anti-retrovirais para combate ao HIV estariam infectados, como os preservativos seriam fabricados propositadamente com o vírus da SIDA. Este delírio persecutório assenta na tradicional obsessão dos altos dignitário da Igreja Católica com o sexo fora e dentro do casamento. A única solução para a SIDA seria “casamento, maridos fiéis às suas mulheres… jovens que se abstêm de ter relações sexuais.” Mas tal preocupação, fundada numa mentira, da casta sacerdotal católica não parece ser mais do que um sintoma do mundo lúbrico que, recalcadamente, a habita. Depois queixam-se de que a Igreja perde influência.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
19:13
0
comentários
Marcadores: 500 caracteres, Igreja Católica, Sociedade
Anda, por essa blogosfera fora, muita gente alvoraçada com a «digna» e «corajosa» atitude de Santana Lopes, perante a interrupção de uma entrevista sua para dar um directo da chegada de Mourinho a Portugal. Recontextualizemos a coisa.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
15:52
1 comentários
Marcadores: Comentário, Política, Sociedade
É provável que os juízes da Relação de Coimbra estejam dentro da razão jurídica. É provável que a sua palavra seja a mais pura interpretação da lei. É provável que o edifício jurídico se sinta descansado com o douto acórdão. A verdade, porém, é que a pequena Esmeralda, seja qual for o desfecho, já perdeu e perdeu num caso onde ela é parte passiva. O que este caso mostra é que a própria razão, neste caso a razão jurídica, pode ser habitada pela irracionalidade e que a força da razão pode ser contrária à própria razão. Onde reside essa irracionalidade? No facto do conhecimento jurídico ser meramente provável, mas a coacção que impõe ser absoluta.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
14:14
0
comentários
Marcadores: 500 caracteres, Pensar, Sociedade
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
08:49
0
comentários
Marcadores: Fotografia
Orlam os teus seios de luz
os impérios do vento e da noite.
E se pela manhã tudo empalidece
é a névoa que pelos dedos
ainda em furor acontece.
Jorge Carreira Maia, A Raiz de Maio (1993)
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
21:41
0
comentários
Marcadores: Poesia - em mim
Recuemos ao ano de 1995 para ouvir uma criação de um dos grandes pianistas de Jazz norte-americanos, Brad Mehldau. Nasceu em 1970 e começou a tocar piano aos 6 anos. Fez formação em piano clássico até aos 14, enveredando depois pelo Jazz. Na música de Mehldau, pelo menos na inicial, nota-se a influência de Bill Evans.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
19:28
0
comentários
Marcadores: Música
O PSD é o espelho da elite política portuguesa e aquilo que agora todos vemos por ali é o que acontece, de forma mais ou menos velada, nos outros partidos, talvez com a exclusão do PCP, onde tudo é mais dissimulado e decantado (oitenta anos sempre são oitenta anos). Nada de real separa Mendes de Menezes. Talvez Mendes seja ligeiramente mais sólido do que Menezes. Este, porém, julga-se carismático, como Sócrates se julga detentor de autoridade ou Portas de inteligência. No fundo, a política portuguesa, da esquerda à direita, é composta por um coro de primas-donas, o que, como se sabe, é uma contradição nos termos. Chilreiam muito, mas na cabeça apenas existe o vácuo.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
18:12
0
comentários
Marcadores: 500 caracteres, Política
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
08:06
0
comentários
Marcadores: Fotografia
Como uma raiz, as mãos
enterravam-se no alvoroço dos bolsos:
ali trazia pedras, ervas,
cordéis e pássaros mortos.
Das mãos voavam,
se lhes incendiava as asas,
se lhes afagava os pescoços.
Jorge Carreira Maia, A Raiz de Maio (1993)
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
21:33
0
comentários
Marcadores: Poesia - em mim
Claro que não, no Irão não há homossexuais como nos Estados Unidos. Os homossexuais que há no Irão são muito diferentes daqueles que existem nos EUA. Aliás nem se pode bem chamar-lhes homossexuais. Eles são como se fossem homossexuais, mas não o são. Escusam de sugerir que eles são gays, eles também o não são. Gays são os homossexuais que há nos EUA. Se soubesse iraniano saberia dizer qual o tipo de homossexuais que há por lá e são esses, que não são gays, nem maricas, nem homossexuais, que no Irão são perseguidos. Se eles fossem gays, ninguém por certo lá os perseguiria. Bravo, camarada Ahmadinejad.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
21:08
0
comentários
Marcadores: 500 caracteres, Política, Sociedade
Comecemos por uma falta imperdoável: nunca li qualquer livro de poesia de Pedro Mexia. E tenho a certeza que isto é uma perda real. Como o poderei saber, se nunca o li? Não tanto pelas referências críticas, mas pela leitura do seu blogue Estado Civil. Não trata de poesia. É um blogue de pequenos apontamentos pessoais, muitas vezes comentários triviais, outras reflexões em aparência despretensiosas. Há sempre, porém, uma experiência onde o sujeito se ri do mundo e de si mesmo e nesse rir há uma revelação do real, como por exemplo neste post intitulado Flexissegurança: “Que um homem deve ser «seguro». OK, não discuto com a jurisprudência. Mas ao menos que os homens tenham a flexibilidade de perceberam que são uns patetas. A segurança pura e simples é uma ilusão. Ao menos um bocadinho de flexissegurança.”
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
20:25
0
comentários
Marcadores: Blogosfera
Mais do que mais uma consentida oportunidade para a ministra retomar o discurso plastificado, que conhecemos sobejamente, teríamos apreciado uma intervenção jornalística preparada e inteligente para a confrontar com o imenso contraditório a que nunca responde, senão com a demagogia que lhe toleram. Um exemplo? É aceitável que passe sem imediata correcção a afirmação falsa da ministra quando referiu, a propósito do desemprego dos professores, que nas duas últimas décadas se perdeu meio milhão de estudantes no primeiro ciclo do ensino básico, quando as estatísticas oficiais, que ela bem conhece, situam esse número nos 328.022 alunos? Outro exemplo? Em determinada altura, a ministra acusou os sindicatos de estarem contra uma série de medidas de política educativa, significativamente as mais populistas. Mário Nogueira, de forma incisiva, desmentiu, uma a uma, as afirmações de Lurdes Rodrigues. Para o telespectador seria expectável que esta diametral oposição fosse esclarecida. Mas a ministra arrumou a questão, cara lívida de ódio, com um "não tenho nada a dizer". E o programa prosseguiu como se o que aconteceu fosse de somenos e não merecesse aprofundamento e esclarecimento. [Público, 25 de Setembro de 2007]
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
19:52
0
comentários
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
13:29
0
comentários
Marcadores: Fotografia
A planície debruada pela luz
fulgura no abismo da tarde,
canta na sombra desolada
o vento que sopra e logo passa.
Ao longe desesperam os sinos,
barcos azuis no rio do silêncio,
mas o bronze desvanece-se
entre casas brancas e velhos quintais.
Jorge Carreira Maia, A Raiz de Maio (1993)
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
22:07
0
comentários
Marcadores: Poesia - em mim
Ontem terminou um ciclo dedicado a Alberto Caeiro. Começa hoje um ciclo de seis poemas, da autoria deste blogger, denominado "Raiz de Maio".
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
22:04
0
comentários
Marcadores: Poesia - em mim, Poesia - em outros
Aquelas gentes exageram. Então não fizeram uma petição ao rei Abdulah, da Arábia Saudita, para que as mulheres sejam autorizadas a conduzir (cf. JN). Deixar as mulheres conduzir? Mas onde querem eles chegar? Cá para mim, tudo isto é uma conspiração dos machos sauditas. Como podem eles dizer, quando vêm uma manobra rodoviária menos ortodoxa, “vê-se mesmo que é uma gaja, porra [isto não está nos hábitos esmerados de educação que recebi, mas quando se trata de carros…], saiu-lhe a carta na farinha amparo!”?
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
21:55
1 comentários
Marcadores: Escrito na areia, Política, Sociedade
Já falei aqui no blogue Rititi – o Blogue Rosa Cueca. É um sítio a que se deve voltar com frequência. Se quer uma análise lúcida da pouca lucidez que atingiu as instituições modernas – privadas ou públicas –, então leia o post com o título 24. Protesta a blogger com a lobotomização a que está sujeita e depois descreve todo o lixo lexical (eficiência, produção, maximização de recurso, eficácia) que é soprado por pulmões que pertencem a cabeças que tendem para o vazio absoluto, digo eu. A formação deixou de ser uma necessidade, para se tornar uma triste moda, um slogan, cuja finalidade é estoirar com a parca vidinha das pessoas. Não há Jack Bauer que valha.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
21:07
0
comentários
Marcadores: Admirável Mundo Novo, Sociedade
Anda tudo muito admirado (uns indignados, outros embevecidos com tanto respeito democrático) com o convite que Soares foi fazer a Cavaco, por causa de uma reunião do petróleo organizada pela fundação do primeiro. Mas não foi esta fundação a primeira a dar a unção a Cavaco para ser Presidente? E a finalidade da candidatura de Soares não foi mesmo fazer eleger Cavaco e evitar as alegres tropelias de Alegre? Poupem o sermonear.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
20:59
0
comentários
Marcadores: Escrito na areia, Política
Ali, pelas bandas do PSD, vai uma confusão que nem ao rabudo lembraria. O PS inventou aquela história das directas, o PSD, para não ficar atrás, também quis as suas directinhas para a presidência do partido, que as rosas não são mais democratas que as laranjas. Agora é um não mais acabar de confusões com quem pode e não pode votar, quem pagou as quotas, quem se esqueceu e quem se lembrou pelos que não se lembraram. O PSD mais parece um clube de futebol: quem não pagou as quotas não vê o jogo. O Eng.º Sócrates, esse nem precisa de as pagar, o PSD elevou-o a militante de honra e está a trabalhar para o reeleger por mais quatro anos. O pessoal do Rato agradece, desvanecido.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
20:28
0
comentários
Marcadores: 500 caracteres, Política
Cheio de gentileza, um diplomata iraquiano, por altura do Ramadão, decide enviar a um colega malaio um presente especial, pickles doces. O pior foi o malaio julgar que se tratava de guerra biológica e pensar que o frasco não passaria de uma embalagem de antrax. Foi o cabo dos trabalhos, com pedidos diplomáticos de desculpas à mistura e tudo. Os tempos são de trevas, o mundo anda perturbado e o medo não é bom conselheiro. (Ler tudo no Sol)
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
13:48
0
comentários
Marcadores: Escrito na areia, Política
Consta que os McCann contrataram, desde Maio, uma empresa de detectives. Não confiavam na judiciária portuguesa, adianta a Lusa. Seja qual for a posição real do casal perante o desaparecimento da filha, uma coisa é certa: a polícia portuguesa parece um bando de anjinhos perante tanta iniciativa dos médicos ingleses. E aquilo que parece…
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
13:22
0
comentários
Marcadores: Escrito na areia, Sociedade
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
09:02
0
comentários
Marcadores: Fotografia
Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de Sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita coisa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do Sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
Quando me sento a escrever versos
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro,
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas ideias,
Ou olhando para as minhas ideias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.
Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predilecta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer coisa natural —
Por exemplo, a árvore antiga sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.
Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
21:42
0
comentários
Marcadores: Poesia - em outros
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
17:22
0
comentários
Marcadores: Política
Ando há tempos para escrever sobre essa intérmina eleição que opõe, dentro do partido mais português de Portugal, o PSD, Luís Mendes a Luís Menezes. A verdade é que não me ocorre nada. Eu bem quero ajudar algum leitor que vá votar, mas a única diferença absoluta e abissal entre os Luíses é que Mendes é do Benfica e Menezes, do Sporting. Espero que faça alguma diferença.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
12:55
2
comentários
Marcadores: Escrito na areia, Política
Aquela senhora tem um piano
Que é agradável mas não é o correr dos rios
Nem o murmúrio que as árvores fazem...
Para que é preciso ter um piano?
O melhor é ter ouvidos
E amar a Natureza.
Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
22:11
0
comentários
Marcadores: Poesia - em outros
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
19:25
0
comentários
Marcadores: Música
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
17:13
0
comentários
Marcadores: Crónicas Normandas
A guerra de civilizações, que a "inteligência" ocidental persiste em pretender que não existe, entrou numa nova fase. Anteontem, o número 2 da Al-Qaeda, al-Zawahiri, proclamou que a "mais poderosa potência da humanidade está a ser derrotada pelas vanguardas muçulmanas da jihad" no Iraque e no Afeganistão. E está. Do Iraque, não vale a pena falar. No Afeganistão, de que pouco se fala, os produtores de ópio continuam a mandar e os taliban empurraram as forças da "Europa" e da América para uma posição mais do que precária. Pior ainda, a opinião pública já dá toda a aventura por perdida e só pensa em acabar com ela. O sucessor de Bush terá, tarde ou cedo, de sair do Iraque e, sem o Iraque, a presença de uns milhares de soldados no Afeganistão não serve de nada.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
08:35
1 comentários
Marcadores: Comentário, Política
O pastor amoroso perdeu o cajado,
E as ovelhas tresmalharam-se pela encosta,
E, de tanto pensar, nem tocou a flauta que trouxe para tocar.
Ninguém lhe apareceu ou desapareceu. Nunca mais encontrou o cajado.
Outros, praguejando contra ele, recolheram-lhe as ovelhas.
Ninguém o tinha amado, afinal.
Quando se ergueu da encosta e da verdade falsa, viu tudo:
Os grandes vales cheios dos mesmos verdes de sempre,
As grandes montanhas longe, mais reais que qualquer sentimento,
A realidade toda, com o céu e o ar e os campos que existem, estão presentes.
(E de novo o ar, que lhe faltara tanto tempo, lhe entrou fresco nos pulmões)
E sentiu que de novo o ar lhe abria, mas com dor, uma liberdade no peito.
Alberto Caeiro, O Pastor Amoroso
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
22:41
0
comentários
Marcadores: Poesia - em outros
Elevemos o nível e o interesse deste insípido blogue. Deixemo-nos de coisas sérias e voltemos para o essencial. Por uma luz vinda do céu, e do céu só vêm coisas boas, sejam luzes, sejam outras coisas, iluminou-se-me o cérebro com este nome. Digito-o no YouTube e lá aparece o que aqui deixo. Mas quem quiser apreciar a qualidade vocal da artista clique aqui e veja o vídeo. Há quem goste, há quem não goste. Eu recomendo.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
22:26
0
comentários
Marcadores: Música
O ataque israelita a instalações sírias (ver, por exemplo, o Guardian), fornece mais um traço do grande problema que é o médio-oriente. Se for verdade que os israelitas atacaram instalações nucleares, então o problema para o mundo ocidental engrossa. Não basta já o problema nuclear iraniano, agora há que considerar os silenciosos desejos dos sírios. Todas estas veleidades nascem de duas “vitórias” americanas: a destruição da União Soviética e a intervenção no Iraque. Com a primeira, ficou à deriva uma parte do arsenal nuclear soviético. Com a segunda, os americanos ataram-se de pés e mãos perante os lugares de onde vem realmente o perigo. No médio-oriente há muita gente a trabalhar para o armagedão.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
18:38
0
comentários
Marcadores: 500 caracteres, Política
Como numa narrativa literária, chegou a altura de introduzir um efeito surpresa. Parece que alguém se lembrou, agora, de ter visto, na altura, um homem misterioso a vaguear por aqueles sítios com o que parecia ser uma criança (ver o Sol). Isto faz-me lembrar a explicação que Coleridge dá para o facto de os seres humanos lerem histórias de ficção. Fazem-no porque suspendem a descrença.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
14:14
0
comentários
Marcadores: Escrito na areia, Sociedade
O CD seleccionado para este fim-de-semana provém do inesgotável fundo que é a editora ECM. Como todos os CD dessa casa, este tem uma apresentação estética esmerada, o que o torna quase um objecto de culto e de colecção. Mas não é isso que aqui interessa.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
13:56
0
comentários
Marcadores: Música
Já on-line está a edição semanal do Jornal Torrejano. Na primeira página, referência para a reportagem com um «velho» barbeiro riachense. Para além da cadeira do barbeiro, refira-se também a Mostra gastronómica na Golegã, e a performance (isto é que é ser moderno) do Desportivo de Torres Novas.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
13:15
0
comentários
Marcadores: Comentário
A noite desce, o calor soçobra um pouco.
Estou lúcido como se nunca tivesse pensado
E tivesse raiz, ligação directa com a terra
Não esta espécie de ligação de sentido secundário observado à noite.
À noite quando me separo das coisas,
E m'aproximo das estrelas ou constelações distantes -
Erro: porque o distante não é o próximo,
E aproximá-lo é enganar-me.
Alberto Caeiro, Poemas Inconjuntos
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
21:24
0
comentários
Marcadores: Poesia - em outros
Contrariamente ao que se pode pensar, Espanha e Portugal estão longe de ser territórios fora do conflito que opõe os radicais islâmicos ao mundo ocidental. O último vídeo do n.º 2 da Al-Qaeda (ler aqui) é claro sobre o assunto: expulse-se espanhóis e franceses do norte de África, primeiro passo para a reconstrução do Al-Andalus. Não se pense que o que está em causa é a mera Andaluzia. O que está em causa, na mente delirante dos ideólogos islamistas radicais, é a reocupação dos territórios peninsulares que um dia foram ocupados pelos muçulmanos. Uma brincadeira? Talvez, mas se Marrocos e a Argélia caírem em mãos de radicais, a coisa muda de figura. As nossas fronteiras do Sul estão longe de ser um lugar de paz.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
20:16
0
comentários
Marcadores: 500 caracteres, Política
Leio no Público on-line que PCP e BE exigem retirada total de portugueses do Iraque e acusam Sócrates de se encolher perante Bush. Se a invasão do Iraque por Bush e Blair pode ter-me causado algumas perplexidades, houve uma coisa que nunca me deixou dúvidas: a posição portuguesa. Portugal só podia apoiar o que os americanos decidissem. Era escusado o espalhafato que Durão Barroso, à boa maneira MRPP, fez, mas, contrariamente aos EUA, Portugal não tinha alternativa. É o preço que pagamos pela nossa dimensão e pela nossa independência. O resto é demagogia.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
19:28
0
comentários
Marcadores: 500 caracteres, Política
Compreendo que uma pessoa, no meio das emoções de um jogo de futebol, possa dar um soco num adversário. Acontece. O que não compreendo é que se recorra fria e racionalmente de um castigo que acaba por ser benévolo. Quatro jogos de suspensão e 12 000 € de multa não parecem pena grande pelo triste espectáculo dado e pelas responsabilidades universais de Scolari.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
19:17
0
comentários
Marcadores: Escrito na areia, Futebol
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
19:08
0
comentários
Marcadores: Fotografia
Tu, místico, vês uma significação em todas as coisas.
Para ti tudo tem um sentido velado.
Há uma coisa oculta em cada coisa que vês.
O que vês, vê-lo sempre para veres outra coisa.
Para mim, graças a ter olhos só para ver,
Eu vejo ausência de significação em todas as coisas;
Vejo-o e amo-me, porque ser uma coisa é não significar nada.
Ser uma coisa é não ser susceptível de interpretação.
Alberto Caeiro, Poemas Inconjuntos
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
22:32
0
comentários
Marcadores: Poesia - em outros
Nunca uma sociedade dispôs de tanta informação sobre si mesma, nunca uma sociedade fez até à exaustão o culto da performance em todos os domínios de actividade. Nunca os indivíduos foram tão avaliados e solicitados a comprometerem-se em projectos personalizados e a «projectar-se positivamente no futuro». Isto passa-se no momento mesmo em que a sociedade parece já não estar certa de saber para onde vai. Esta auscultação permanente e o culto da performance mascaram uma surda angústia face a questões que não se podem apagar: «a modernização serve para quê? A que preço, do ponto de vista dos ‘adquiridos’ sociais e das finalidades do ‘viver-juntos’? Para ir para que tipo de sociedade? [Jean-Pierre Le Goff, La barbárie douce]
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
21:30
1 comentários
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
20:00
0
comentários
Marcadores: Escrito na areia, Literatura, Política
É curiosa a reacção de certa direita, na blogosfera, à trasladação dos restos mortais de Aquilino Ribeiro para o Panteão Nacional. Espuma e esbraceja por tudo o que é blogue direitista e monárquico. Funda-se na obra de Rui Ramos sobre D. Carlos para ver em Aquilino o braço invisível que estaria do lado de Alfredo Costa e de Manuel Buiça, os regicidas. Há uma incapacidade democrática essencial: aceitar que as gentes de esquerda são tão portugueses como os de direita. Na verdade, o que muita dessa gente odeia, apesar de se dizer liberal, é a liberdade e Aquilino Ribeiro bateu-se por ela. O que é imperdoável. Há em Portugal uma fractura ainda longe de estar cerzida.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
19:51
0
comentários
Marcadores: 500 caracteres, Política
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
18:51
0
comentários
Marcadores: Fotografia
Passou a diligência pela estrada, e foi-se;
E a estrada não ficou mais bela, nem sequer mais feia.
Assim é a acção humana pelo mundo fora.
Nada tiramos e nada pomos; passamos e esquecemos;
E o Sol é sempre pontual todos os dias
Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
22:49
1 comentários
Marcadores: Poesia - em outros
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
22:24
0
comentários
Marcadores: Escrito na areia, Política, Sociedade
A justiça é a instituição pública que tem por finalidade assegurar a paz social. Não se compreende como é que a introdução de uma reforma do código do processo penal possa gerar o burburinho que existe hoje em dia. Como noutras áreas, o governo não se preocupou com pormenores. Assim, aquilo que deveria ser o sustentáculo último da paz social é motivo de disputas públicas entre instituições. Os cidadãos não percebem o que se passa, mas sentem que se está perante mais uma grande trapalhada. Se fosse no tempo de Santana Lopes, o que o PS não diria. Talvez não ficasse mal ao governo alguma humildade perante o problema.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
21:53
0
comentários
Marcadores: 500 caracteres, Justiça, Política
Hoje dois blogues em francês dedicados à grande pensadora Hannah Arendt. São complementares, estes blogues e pertencem ao mesmo autor: Thierry Ternisien d’Ouville. Os nomes explicam a essência da coisa: Actualité de Hannah Arendt, e que tem a seguinte epígrafe: «Identification, par l'étude d'Hannah Arendt, de chemins pour sortir du carcan de la raison économique et de la pensée binaire.»; Comprendre, agir et penser avec Hannah Arendt et …, com a epígrafe: «Apprenons à fréquenter l’oeuvre d’Hannah Arendt». Os títulos e as epígrafes explicam o programa do blogue. Quem se interessar pelo pensamento político, quem quiser encontrar vias para além do dualismo liberal/marxista, encontra aqui um primeiro passo, quase militante, para a obra da filósofa alemã, de origem judia. Um dos grande vultos intelectuais do século passado.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
20:40
0
comentários
Marcadores: Blogosfera
Só a Natureza é divina, e ela não é divina...
Se falo dela como de um ente
É que para falar dela preciso usar da linguagem dos homens
Que dá personalidade às coisas,
E impõe nome às coisas.
Mas as coisas não têm nome nem personalidade:
Existem, e o céu é grande a terra larga,
E o nosso coração do tamanho de um punho fechado...
Bendito seja eu por tudo quanto sei.
Gozo tudo isso como quem sabe que há o Sol.
Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
22:14
0
comentários
Marcadores: Poesia - em outros
Maracanazo, segundo nuestros hermanos, é o termo que designa a derrota inesperada na final da equipa organizadora de um torneio. O termo liga-se à derrota, por 2 – 1, do Brasil, em 1950, na final do Campeonato do Mundo contra o Uruguai, no Maracanã. Os espanhóis também tiveram ontem o seu maracanazozito no basquetebol, contra a Rússia. Para ver fotos de 10 maracanazos, entre eles, o de Portugal perante a Grécia, clicar aqui.
Postado por
Jorge Carreira Maia
à(s)
21:33
0
comentários
Marcadores: Ocasionália