09/08/07

O Portugal do "6 Balas"

Uma das colecções de “livrinhos” de aventuras do oeste editada pela Agência Portuguesa de Revistas era a 6 Balas, aliás já referida num post anterior. Se olharmos para a capa descobrimos uma realidade distinta da dos nossos dias. A referência ao preço mostra um país que acabou há 33 anos. O Continente e o Ultramar. O Ultramar era composto pelas colónias portuguesas de África, mas também por Macau e Timor. Ultramar o que está para além do mar. In illo tempore, não era indiferente dizer ultramar português ou colónias portuguesas. O regime de Salazar e Caetano não falava em colónias, mas em ultramar. Vincava a ilusória continuação de Portugal do Minho a Timor. Já a oposição falava em colónias, para sublinhar o carácter colonialista do regime. Ainda hoje se pode detectar a proveniência ideológica do falante pela maneira como se refere ao antigo império português.

Seja como for, colónia ou ultramar, o 6 Balas era distribuído por todo esse mundo. No Ultramar era mais caro, era o custo dos transportes e o preço da periferia. Ultramar ou colónias, Portugal não deixava de ser na Europa. O resto foi uma aventura cheia de equívocos e ilusões, aliás como a generalidade das aventuras coloniais europeias, algumas bem mais sórdidas que a nossa. Mas sobre tudo isso ainda se está demasiado perto para que a História possa falar com alguma imparcialidade.

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