13/08/07

Diário de um banhista - Epílogo

Não há bem que não acabe, nem mal que sempre dure. É com esta referência à cultura popular e ao são senso comum que me despeço deste diário, querido diário, que me tem acompanhado nestes dias de exílio, nesta peregrinação ao santuário de Posídon. Dirá o leitor, o eventual leitor, corrijo, que o provérbio não esclarece se esta estadia é, por mim, banhista, considerada um bem ou um mal, um exílio ou uma peregrinação. Lamento, mas deixarei a interpretação em aberto. Não quero condicionar a leitura destas aventuras e impor uma significação unívoca. Expostas ao mundo, cada um que as interprete como quiser ou como puder. Nelas encontrará vasta matéria para meditação sobre a natureza dos homens e do mundo e, se for mais aberto ao domínio do esotérico, certamente irá passar longas horas em busca da chave cabalística que se oculta no emaranhado destas pobres narrativas.

Saiba, porém, que hoje, o último dia desta aventura, e isto não é despiciendo para a tal chave acima referida, decidi passar a manhã na praia, a passear para cá e para lá, a molhar os pés, a ver os mais afoitos dentro de água. Para quê, perguntar-me-ão. Para nada, respondo. O banhista ideal, ao contrário do banhista real e empírico, é perfeitamente destituído de qualquer interesse e finalidade. Faz o que faz e nada mais há a acrescentar.

Resta-me, agora, arrumar as malas, despedir-me da criançada, que tem mais que fazer do que aturar banhistas em fase de pré-senilidade, e adeus oceano tenebroso, o vasto mundo, a terra firme, espera por mim. Ite, Missa est.

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