Interlúdio
Fiquemos então com um pequeno interlúdio. Sempre que por aqui passar clique no vídeo e oiça um excerto de uma das mais célebres peças de Mozart: Eine Kleine Nachtmusik. Até já….
A verdade é um erro exilado na eternidade. (Cioran)
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A luz
vermelha de fogo.
No horizonte,
homens e pedras a cavalgar de novo.
Micropoemas, Mármore (1989)
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Não há bem que não acabe, nem mal que sempre dure. É com esta referência à cultura popular e ao são senso comum que me despeço deste diário, querido diário, que me tem acompanhado nestes dias de exílio, nesta peregrinação ao santuário de Posídon. Dirá o leitor, o eventual leitor, corrijo, que o provérbio não esclarece se esta estadia é, por mim, banhista, considerada um bem ou um mal, um exílio ou uma peregrinação. Lamento, mas deixarei a interpretação em aberto. Não quero condicionar a leitura destas aventuras e impor uma significação unívoca. Expostas ao mundo, cada um que as interprete como quiser ou como puder. Nelas encontrará vasta matéria para meditação sobre a natureza dos homens e do mundo e, se for mais aberto ao domínio do esotérico, certamente irá passar longas horas em busca da chave cabalística que se oculta no emaranhado destas pobres narrativas.
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Pássaro,
pedra que voa.
A morte,
um eco que ressoa.
Micropoemas, Mármore (1989)
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O mal sempre vem. Hoje, domingo, ocorreu o que temia na semana passada. Regra da casa: ao domingo, ninguém põe pé na praia, seja esta qual for. Que aconteceu, hoje, domingo? Foi declarado dia de excepção. Por que motivo, Senhor, fizeste tão inconstantes as tuas criaturas? Tudo para a praia; a criançada banhante na vanguarda solar. Criançada quer dizer aqui: gente entre os 20 e os 27 anos. Mas quem será fiel às regras expressas para regulação da comunidade? No dia em que as regras não forem cumpridas por ninguém ainda serão regras? E poderá uma comunidade, pequena que seja, viver sem regras? Não, não, mil vezes não.
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Hoje publicam-se capas de duas revistas de aventuras (livros aos quadradinhos) muito populares quando eu era aluno de escola primária. Estas revistas são clones uma da outra. Não sei se ambas eram editadas pelas Agência Portuguesa de Revistas, ou se alguma teria outro editor. O que as marca é uma concepção, absolutamente idêntica, onde o preto e o branco das figuras se combina com uma outra cor (rosa, verde, azul, cinzento, laranja, etc.), que vai variando de número para número. Tanto quanto recordo, as histórias erm bastante simples e o número de páginas relativamente diminuto. Uma leitura popular, a preços absolutamente populares. Estes número custavam 1$20, no Continente, e 1$50, no Ultramar. E custaram assim durante muitos anos. Tempo em que a inflação era coisa desconhecida. Lembro-me de "cravar" uma ao meu pai cada vez que ia com ele ao café. Jornal, para ele. Ciclone ou Condor, para mim. Como se prova, os alicerces da minha cultura são mesmo bastante baixos...
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Da terra,
a solidão do monte.
O vento,
cidade sem horizonte.
Micropoemas, Mármore (1989)
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No outro dia fiquei chocado. Então, não é que os Inspectores da ASAE apreenderam 400, ou terão sido 4000?, Bolas-de-Berlim fresquinhas, daquelas mesmo boas para comer em pleno tempo de banhos. Esta preocupação com a saúde pública parece-me uma manobra das capitais escandinavas para aniquilaram as vantagens competitivas de Portugal. Não percebem que tudo isto é uma forma de indústria caseira, diria mesmo que é o nosso verdadeiro artesanato. Depois da alheira de Mirandela, dos múltiplos salpicões, dos chouriços e dos chourições, agora até Bola-de-Berlim está a ser alvo das arbitrariedades dos inspectores a soldo do governo, que por sua vez contemporiza com as pretensões daquela malta esbranquiçada, educada, ecológica e liofilizada, que habita as regiões do norte deste continente que viu nascer o glorioso banhista que eu sou.
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Calcário,
cidade sem fim.
A brancura,
morte a erguer-se em mim.
Micropoemas, Mármore (1989)
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Confortado na certeza de ser o único e verdadeiro banhista, recusei-me hoje a pôr o pé na praia, não vá ele inchar ou tomar-se de urticária. Quem precisar de mostrar que é um banhista que vá a banhos, eu fico-me pela esplanada a enxotar moscas, a ler jornais, a beber cafés e a rodar a cadeira para fugir ao sol. Olho o mar e começo a contar os dias que faltam para, contristado, deixar o lugar idílico a que chamam praia, lugar que o calendário deste mundo infeliz me impõe com a regularidade das estações. Nem uma aventura, mesmo metafísica, tenho para contar hoje neste pobre diário. Estes tempos fritam-me os neurónios, esfriam-me a coragem, e pouco mais consigo fazer do que balbuciar algumas palavras e deslocar-me, entre as sombras mortais que me rodeiam, com o ar desgastado de quem a vida abusou com trabalhos e sofrimentos, lutas e canseiras. Um banhista, mesmo da estirpe dos imortais como eu, não é de ferro. Estou cansado e, como o divino Ulisses, sonho com o regresso à pátria, que o malfadado Posídon não permite. Suspiro, se oiço o vozear das águas a bater nas areias. Quando chegarei a Ítaca, à minha doce ilha, pedaço de terra rodeada de calor por todos os lados?
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Traduzo, aproximadamente, a partir daqui: “O jazz é fundamentalmente a celebração do aqui e agora. Os episódios memoráveis são quase sempre o fruto do milagre de um momento. O resultado de condições favoráveis marcadas por qualquer coisa de extraordinário apresentam-se num instante preciso e não de outro modo. O concerto de Colónia é, nesse sentido, emblemático. Naquela noite, Jarrett não estava nas melhores condições para fazer um concerto, e considerando a situação, seria melhor evitar gravar o que quer que fosse. ” Este preâmbulo serve para introduzir um dos momentos fundamentais da história do Jazz, aquele que ficou conhecido pelo Koln Concert, do pianista Keith Jarrett.
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José Maria Nicolau (Benfica) & Alfredo Trindade (Sporting) - Foram estes homens que fizeram por todo o país o nome dos dois clubes.
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Pedras,
corpos no fundo da serra.
Jazem mortos,
abrindo-se a quem os espera.
Micropoemas, Mármore (1989)
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Chegado ao 12.º dia de estadia na praia questiono-me: serei um verdadeiro banhista? Terei o direito de escrever este diário? Esta interrogação não cai do céu aos trambolhões, não. Pelo contrário, há motivos empíricos que sustentam o dilema que me assoberba a razão. Quando tudo estava preparado para rumar em direcção à praia, não é que uma súbita angústia se apossa de mim e me faz dizer: vão, vão, sem mim. Cá os espero. E lá foram e eu fiquei dividido entre as cartas de Schiller e uma ida ao café. Acabei por escolher uma esplanada sobre o mar, onde li duas cartas sobre a educação estética da humanidade, bebi uma italiana – em sentido figurado, note-se – e olhei as águas do mar em profunda meditação metafísica.
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Há nas nossas elites actuais um tique parolo que as leva incensar tudo o que vem de Inglaterra. Mas se olharmos para as campanhas que os jornais ingleses fazem, a propósito do caso de Madeleine McCann, contra a Judiciária e agora contra a imprensa portuguesa, percebe-se que a idiotice é um bem universalmente distribuído e que os ingleses a armazenaram em quantidades suficientes para que nunca sintam falta dela. Assim como as nossas elites agora anglófilas.
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Uma das colecções de “livrinhos” de aventuras do oeste editada pela Agência Portuguesa de Revistas era a 6 Balas, aliás já referida num post anterior. Se olharmos para a capa descobrimos uma realidade distinta da dos nossos dias. A referência ao preço mostra um país que acabou há 33 anos. O Continente e o Ultramar. O Ultramar era composto pelas colónias portuguesas de África, mas também por Macau e Timor. Ultramar o que está para além do mar. In illo tempore, não era indiferente dizer ultramar português ou colónias portuguesas. O regime de Salazar e Caetano não falava em colónias, mas em ultramar. Vincava a ilusória continuação de Portugal do Minho a Timor. Já a oposição falava em colónias, para sublinhar o carácter colonialista do regime. Ainda hoje se pode detectar a proveniência ideológica do falante pela maneira como se refere ao antigo império português.
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Marcadores: Arqueologias, História, Política, Sociedade
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Branca cal
rasgada em cinza e sangue.
Caminhos antigos de vida exangue.
Micropoemas, Mármore (1989)
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Decisão e coragem são virtudes maiores de um banhista. A mim, porém, são qualidades que me falecem mal enfrento as águas. Saudoso de aventuras marítimas lá me dirigi para uma das muitas praias que por aqui há. Sugeri que fossemos a outra mais habitual. Perdi a votação. Muito vento, foi o que ouvi como justificação. Parece que aqui se vive numa democracia argumentativa, com direito a justificação dos actos e tudo. Lá fomos, armados de chapéu-de-sol, toalhas, cremes contra os ultravioletas e um livro que escondi entre o atoalhado.
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Marcadores: Diário de um banhista
Maria Bethânia faz parte de uma geração notável da chamada música popular brasileira, onde encontramos Chico Buarque de Holanda e Caetano Veloso, irmão da cantora. A voz é demasiado bem conhecida em Portugal para que seja necessário fazer qualquer tipo de consideração. Está apenas mais madura.
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Já que adorar-me dizes que não podes,
Imperatriz serena, alva e discreta,
Ai, como no teu colo há muita seta
E o teu peito é um peito dum Herodes,
Eu antes que encaneçam os meus bigodes
Ao meu mister de amar-te hei de pôr meta,
O coração mo diz – feroz profeta,
Que anões faz dos colossos lá de Rodes.
E a vida depurada no cadinho
Das eróticas dores do alvoroço,
Acabará na forca, num azinho,
Mas o que há-de apertar o meu pescoço
Em lugar de ser corda de bom linho
Será do teu cabelo um menos grosso.
Cesário Verde, Obra Poética Integral
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Continua a nortada, apesar da temperatura por aqui ter subido. Olho a praia sentado numa esplanada, vejo veraneantes infelizes a segurar chapéus, a correr atrás disto e daquilo, o vento a tudo empurra. As águas ainda estão bravias e a bandeira vermelha, imagino. Mais um dia sem por pé na areia.
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Marcadores: Diário de um banhista
Verão é tempo de touradas. Embora não seja um aficionado encartado, não vá às praças ver corridas de touros, nunca deixei de gostar da Festa Brava, como se diz no Ribatejo. Quando havia apenas a televisão do Estado, as noites de quinta-feira eram dedicadas aos touros. Depois havia a corrida da RTP, sempre com grandes cartéis, como então se dizia e, julgo, ainda diz. A primeira corrida que vi foi na antiga Praça de Touros de Santarém. Na minha memória sobre esse mundo, há nomes como Luís Miguel da Veiga, José Mestre Baptista, Pedro Louceiro, João Branco Núncio, David Ribeiro Telles, há também a rivalidade entre os grupos de forcados de Montemor e de Santarém. Nas lides apeadas, recordo Diamantino Viseu e José Júlio. De Manuel dos Santos a imagem que tenho é mais débil, apesar de ele ter deixado de tourear apenas em 1972.
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Continuemos em blogues no feminino. Depois do amável e delicado Miss Pearls, agora um que ostenta o desígnio da acidez. Rititi é O Blogue Rosa Cueca e nem sempre está para amabilidades e delicadezas. É assim a vida feita de multiplicidades. Há quem sonhe com o uno, eu prefiro o múltiplo. O Blogue Rosa Cueca, eis todo um programa, pertence a Rita Barata Silvério, adepta do Atlético de Madrid, seja lá isso o que for, e distingue-se por um português verrumante. Por exemplo, há uns dias que as mamas são tema e num post desaforado – adjectivo meu – de 2 de Agosto último reza assim: “Que fascínio é este dos gajos com as mamas? Lembranças da mãezinha, do quentinho do leite, do alimento grátis, do aconchego? Será que todos querem voltar ao útero? Até quando, santo deus, teremos que levar com essa obsessão com dois pedaços de carne? Quanto maiores, melhores, para quê? Acaso vão montar um talho, fazer delas uma almofada, forrar um sofá? Os peitos, as tetas, as mamas, cá por mim que os gajos não evoluíram assim tanto e estão um degrauzinho mais abaixo que nós lá na escala da humanidade.” E a humanidade, como se sabe, já ocupa uma subcave, de uma subcave, de uma subcave...
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Balzac é meu rival, minha senhora inglesa!
Eu quero-a porque odeio as carnações redondas!
Mas ele eternizou-lhe a singulizar beleza
E eu turbo-me ao deter seus olhos cor das ondas.
Cesário Verde, Obra Poética Integral
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Frívolo banhista, quem te manda a ti tentar os deuses? Mal sabes tu que eles concedem aos mortais aquilo que estes mendigam. Então, não foste tu que ontem falaste em tempo cinzento, aragens frescas, ventos a cortar a face? Então, toma, aí o tens. Hoje levantei-me decidido a cumprir o meu estatuto de banhista, homem que corta as ondas, lobo-do-mar. Feitas as abluções matinais, tomado o pequeno-almoço, logo exclamei: para a praia. Olharam-me com comiseração. Vi estampado nas faces um juízo irónico sobre a minha sanidade mental, mas ninguém disse o que quer que fosse. Se é para ir à praia, então toca a andar. E lá se foi…
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Marcadores: Diário de um banhista
Há um momento em que se dá a transição da leitura de histórias aos quadradinhos (livros de cow-boys) para histórias em texto corrido. Mais do que as aventuras da Enid Blyton, a colecção Cowboy, que apareceu em 1961, ainda antes de aprender a ler, fez essa mediação entre a literatura de raiz popular e as leituras eruditas. A colecção Cowboy era composta por livrinhos com 64 páginas, páginas pequenas, e 6 ilustrações. Li dezenas de historietas destas, não apenas da colecção referida, como de outras que apareceram a partir do sucesso desta. Lembro-me da colecção 6 Balas e Fúria de Bravos. Penso que ainda havia uma outra, mas já não me recordo do nome.
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Marcadores: Arqueologias, Literatura, Sociedade
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Ó áridas Messalinas
não entreis no santuário,
transformareis em ruínas
o meu imenso sacrário!
Oh! a deusa das doçuras,
a mulher! eu a contemplo!
Vós tendes almas impuras,
não me profaneis o templo!
A mulher é ser sublime,
é conjunto de carinhos,
ela não propaga o crime,
em sentimentos mesquinhos.
Vós sois umas vis afrontas,
que nos dão falsos prazeres,
não sei se sois más se tontas,
mas sei que não sois mulheres!
Cesário Verde, Obra Poética Integral
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Domingo. Hoje não há saga do pobre banhista. Os banhos de mar, quer dizer, as visitas à praia, estão, cá por casa, proscritos nos dias que outrora eram os do Senhor. É questão de sanidade mental, oiço dizer. Concordo. Mas uma regra não é uma lei, e há que desconfiar: quando chegará o dia em que a regra dá lugar à malfadada excepção?
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Marcadores: Educação, Escrito na areia, Política
Este colégio de Braga está agora nas bocas do mundo, devido às excelentes notas obtidas pelos seus alunos nos exames do 12.º ano. Ouvido pelo Público, o director do Colégio, Cândido de Sá, diz estar orgulhoso do trabalho excepcional dos alunos e fala de exigência, rigor e disciplina para obter estes resultados. O segredo, diz o director, é “o trabalho dos alunos e a competência dos professores”. Claro e distinto. Não foram precisos professores titulares, nem os devaneios da Prof.ª Lurdes Rodrigues e dos seus acólitos. Mas não será para evitar que isto aconteça no ensino público que trabalha, há muito e, com este governo, mais afincadamente, o Ministério da Educação?
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Marcadores: 500 caracteres, Educação, Política
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Ela chorava e muito, aos cantos,
Frenética, com gestos desabridos;
Nos cabelos, em ânsias desprendidos,
Brilhavam como pérolas os prantos.
Ele, o amante, sereno como os santos,
Deitado no sofá, pés aquecidos,
Ao sentir-lhe os soluços consumidos,
Sorria-se cantando alegres cantos.
E dizia-lhe então, de olhos enxutos:
- “Tu pareces nascida na rajada,
“Tens despeitos raivosos, resolutos:
“Chora, chora, mulher arrenegada;
“Lacrimeja por esses aquedutos…
- “Quero um banho tomar de água salgada.”
Cesário Verde, Obra Poética Integral
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É dura a vida de um banhista. Estava ontem muito descansado quando um telefonema lançou o pânico. Para amanhã, a visita de uma amiga. O mundo turva-se, isto de mulheres e praia conjuga-se com tal perfeição que já estava a ver-me arrastado, em pleno Sábado, imagine-se, para um areal pejado de corpos espojados pelo chão, alegres trinados das criancinhas – sim, sim, dessas mesmas que o divino Mestre dizia para deixarem ir até Ele, mas Ele, sábio que era, não ia à praia, mesmo aquilo no Jordão não foi um banho, mas um baptizado, leram bem, um baptizado e esse só acontece uma vez na vida, pois uma pessoa não anda sempre a mergulhar nas águas para lavar pecados, não haveria João Baptista que chegasse, e se querem lavar a alma que vão ao confessionário, não à praia –, a ver-me arrastado, dizia, para o espectáculo dos portugueses em roupa interior, há quem lhe chame fatos de banho, portugueses exuberantes, desejosos de mostrar o viço e a peitaça e o coxame e a celulite e o pneu. Era este programa audiovisual que já se desenhava no horizonte da pobre imaginação que me coube em sorte. A coisa foi de tal maneira impressiva que passei a noite a sonhar com praias cobertas de portugueses e eu entre eles a caminhar, como sonâmbulo, a exibir a tristeza da minha figura, metido nuns boxers vermelhos a que toda a gente teimava chamar calções de banho.
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Rosto comprido, airosa, angelical, macia,
Por vezes, a alemã que eu sigo e que me agrada,
Mais alva que o luar de inverno que me esfria,
Nas ruas a que o gás dá noites de balada.
Sob os abafos bons que o Norte escolheria,
Com o seu passinho curto e em suas lãs forradas,
Recorda-me a elegância, a graça, a galhardia
De uma ovelhinha branca, ingénua e delicada.
Cesário Verde, Obra Poética Integral
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O que está hoje a acontecer, (…), é o surgimento de novas gerações a liderar a esquerda europeia para as quais já não faz nenhum sentido (nem sequer afectivo) o marxismo, o socialismo e o messianismo angélico, para as quais a propriedade privada não é mais uma realidade condenada no futuro e só em programas de humor negro afirmariam em que o Estado produtor é a antecâmara da sociedade sem classes. (José Miguel Júdice, Público, 3 de Agosto)
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O veto de Cavaco Silva veio mostrar que, apesar dos lamentos do próprio Cavaco Primeiro-ministro, o sistema de contrapesos é útil e deve funcionar. Manifestou ainda outra coisa: se as pessoas fazem a função, também a função não deixa de fazer as pessoas. Embora não fosse seu inimigo, Cavaco nunca expressou uma particular simpatia pelas liberdades. Foi tíbio no caso Charrua e noutros idênticos, mas agora foi claro e fez o que competia: defender a liberdade atacada no estatuto dos jornalistas. O cargo de Presidente tem um peso e esse peso é o da defesa da constituição e da liberdade. Cavaco fez apenas o seu dever. Não é pouco.
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Que venham as burkas, burkas afegãs, daquelas que vão da cabeça aos pés. Não, não me converti ao Islão, mas começo a compreendê-los. Hoje, ó dia nefasto, quando me levantei, tudo estava ensolarado, fazia calor, e lá me arrastaram do café em direcção à praia, não sem antes, ainda em casa, note-se, me besuntarem de cremes por causa dos ultravioletas. Ele são cremes para a cara, cremes para o corpo, protector 30 e 40, numa conversa cabalística que mais parecia as deambulações esotéricas do Fernando Pessoa. O creme cai, olho-me ao espelho, apetece-me ulular e fazer a dança da chuva. Sinto-me um pele-vermelha. Contenho-me, haja decoro.
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On-line está a edição semanal do Jornal Torrejano. Na primeira página, há referência a um primeiro balanço dos fogos florestais, o ano mais calmo desde 2000. Referência ainda para o festival de folclore, em Alcanena.
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Tu, nesse corpo completo,
Ó láctea virgem doirada,
Tens o linfáctico aspecto
Duma camélia melada.
Cesário Verde, Obra Poética Integral
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Continua a minha aventura no reino de Posídon. Hoje levantei-me cedo, olhei para o céu, um sol esplendoroso, fiquei em pânico. Será hoje? Uma volta por aqui e por ali, visita ao blogue, o primeiro post do dia. Propícios, os deuses cobrem o céu de nuvens. Respiro mais facilmente. O tempo melhora a olhos vistos, penso. Pego nas Metamorfoses, de Ovídio, acabadas de sair, na excelente colecção da Cotovia, em tradução de Paulo Farmhouse Alberto. Perco-me nas transformações. Ingénuo, ingénuo que eu sou. Os deuses são caprichosos, mas enviam-nos sinais. Metamorfoses não de humanos em aves ou vacas, mas transformações do tempo. O que tinha amanhecido ensolarado metamorfoseara-se em nuvens escuras e densas, mas nada neste mundo mutável é seguro. As nuvens dissiparam-se e lá veio o sol. Não tardou muito para me perguntarem, insidiosamente, se não ia à praia, a emoção tomou conta de mim. Fiz-me despercebido. Prefiro o Ovídio, mas calei-me. Lá foram pisar a areia e tomar banhos de sol e mar. Fiquei nas Metamorfoses e na música de Giovanni Pierluigi da Palestrina. Lá fora o silêncio deixa vir até mim o marulhar do mar. Adoro a praia.
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Eis a natureza da gente que tomou conta do PS. Não é que eu tenha particular afeição pelo termo «camarada», mas não pertenço à congregação. Compreendo a dor de António Arnaut, é uma questão de fidelidade e de autenticidade. De novo, a entrevista à Visão, de 26 de Julho.
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