26/04/09

O limite da coisa


No discurso do 25 de Abril, o Presidente da República, perante os tempos difíceis que se vivem, apelou à concertação de esforços dos vários protagonistas da cena política. Este apelo inócuo não deixa de ser um poderoso revelador da realidade política nacional. Revela não só a impotência perante um destino sobre o qual não temos mão (a crise financeira internacional), mas também o esgotamento político a que se chegou. Se perante o inelutável nada se pode fazer para evitar que ele se manifeste, já a forma como se lida com ele e a forma como se pensa o país e se opera dentro dele depende da liberdade dos protagonistas. Mas a liberdade tem um peso tão grande como o destino fáctico. O peso de mostrar aquilo que se vale. Ora os protagonistas que têm animado a cena política desde há muito valem tendencialmente nada. Não compreendo como é que uma soma de nulidades pode dar mais do que uma nulidade. Talvez precisássemos de uma bela crise política para arejar a casa. Mas também é verdade que a substituição de umas quantas nulidades que nos dirigem ou pretendem vir a fazê-lo não significa que os hipotéticos substitutos fossem menos nulos. Esta sim é a nossa mais verdadeira e autêntica crise.

1 comentário:

jlf disse...

Direi que é urgente que surjam vontades suficientes e capazes de provocar uma profunda alteração no sistema politico-partidário...

E não inventei a pólvora. Nem nenhum espírito novo!