21/04/09

Aula assistida



Ontem tive a minha primeira aula assistida. Sim, eu requisitei aulas assistidas, para além de ter entregue os objectivos. Isto, apesar de discordar total e frontalmente deste tipo de avaliação de professores, e esperar que ele seja substituído por um mais consentâneo com os interesses dos alunos. Este modelo visa, em última análise, consagrar um tipo de escola cuja finalidade é evitar que os alunos aprendam.

O curioso da minha experiência é a profunda desadequação da lei e da teoria subjacente à lei relativamente ao tipo de aula que eu faço. A aula foi de Filosofia do 12.º ano, aula centrada no capítulo VIII da Origem da Tragédia. Os meus alunos são bons e empenhados, desejosos de aprender, desejosos que se lhe abram caminhos. No fundo, é esse o papel da Filosofia. Mas toda a lógica da avaliação de professores parece centrar-se no tipo de relação professor-aluno que existe na educação pré-escolar e no primeiro ciclo do ensino básico. Muito daquilo que o Ministério acha relevante acontecer numa sala de aula, é perfeitamente irrelevante no 12.º ano, quando se trata com alunos pré-universitários. Aliás, deveria ser irrelevante já mesmo no 10.º ano.

A principal conclusão da experiência centra-se na necessidade de substituir a concepção de avaliação de professores e, antes de tudo o mais, substituir a concepção de escola que, como uma praga infernal, tombou sobre o sistema educativo português.

3 comentários:

maria correia disse...

Não gosto da ideia de aulas assistidas. Haverá de certeza outros meios de avaliar um professor. Mas o que mais me pasma, sinceramente, é o facto de se pensar justa a realização de uma aula assistida a um professor idóneo e com anos de carreira e, com certeza, com provas mais do que dadas do seu valor.Pasmo, mesmo...Não haverá mais nada de útil a fazer???

Alice N. disse...

Caro JCM,

E o seu avaliador também foi munido de um lençol de grelhas onde se pretende registar e medir tudo e mais alguma coisa? (Falo em "avaliador" com ironia, mas há colegas que gostam tanto desse título que ganharam de um dia para o outro, sem saber como e, mais grave, sem qualquer preparação!)

Na minha escola, as fichas de avaliação são completamente absurdas, infernais e intermináveis! Só falta avaliar a forma como o professor se mexe, se veste e respira. É absurdo avaliar professores (muitos com anos e anos de experiência e provas dadas, como refere Maria Correia) com os mesmos critérios e procedimentos com que se avaliam estagiários. Chega-se ao ridículo de haver professores (que nunca receberam formação na área da avaliação de professores) a avaliar os seus antigos orientadores de estágio! É quase ultrajante!

Enfim, tudo em nome da qualidade do ensino... Ainda haverá quem acredita nisso?

Anónimo disse...

queixam-se????não sei de quê, eu acho que até deviamos dormir na escola....todos fazem o que é pedido, na minha escola ninguem pediu avaliação deveria ter sido assim em todas mas não,, há sempre os cobardolas a furarem o sistema, so temos aquilo que merecemos, não se queixem andem lá vão preparar as fichinhas...pois o muito bom espreita
.....falta muita testosterona nas escolas, o ensino está demasiado feminino, as mulheres têm muito medo, por alguma coisa não foram para as guerras...continuem assim