25/04/09

O largo dr. Salazar


Se hoje houve homenagem grande ao 25 de Abril e à democracia portuguesa, ela foi involuntária e de onde menos se esperava. Como quase todos sabemos, o dr. Salazar era uma pessoa honesta e amiga duma concepção de Portugal quase ao nível da Idade Média. Detestava a democracia, não gostava da vida citadina, sentia-se particularmente indisposto com a liberdade, procurava por todos os meios que as pessoas não tivessem ideias e, se por um acaso malévolo do destino as tivessem, que as não discutissem. No dia que se comemora a transição à democracia, um presidente de câmara, falho de grandes ideias, decidiu inaugurar, na sede do concelho onde o nosso pequeno ditador nasceu, um largo com o nome da personagem. Não sei o que iria na cabeça daquelas pessoas. Mas terão elas percebido que com aquele gesto prestavam a maior das homenagens ao regime nascido a 25 de Abril, ao mesmo tempo que tornavam evidente a peqenez da estatura moral do homem que pastoreou Portugal durante décadas? Se um descendente do ditador ainda nos governasse no espírito do seu antepassado, seria possível inaugurar um largo dr. Álvaro Cunhal, ou dr. Mário Soares, ou até dr. Sá Carneiro? Todos sabemos a resposta. Tenho pena daqueles devotos do dr. Salazar, incluindo o torrejano das lápides, pela homenagem involuntária que prestaram ao 25 de Abril e à vida democrática.

2 comentários:

Guakjas disse...

Sim sem duvida!

Estava mesmo pra publicar um texto no meu blog quando vi a noticia!

Mas se não se importa vou colocar o seu!


pode ver este e outros em http://joaobragancan.wordpress.com


Saudação

jlf disse...

Coitado!
Ele há sempre um penedo ou uma lápide ou uma outra qualquer pedra a estorvar-nos o caminho...

Benz'os Deus!