Os dias onde sombras se depositam
Os dias onde sombras se depositam
Como algas perdidas pelas areias
Passam leves, tão transparentes…
Neles cantam os ralos, as vozes do entardecer
Perdidas pelas ervas que aos domingos
Pisava se à missa então ia talvez escutar,
Na tremura da carne, a voz de algum deus.
Recomece-se mais uma vez: no horizonte da estrada
Escrevo no desvio que a luz concede
Palavras tão ácidas, o estômago as repele.
Sempre, naqueles dias, repetia os mesmos nomes.
Seriam os nomes de meus filhos se filhos
O tempo me trouxesse e sobre a minha fronte
Uma ilusão de futuro o enganador deus
Derramasse. Água fruste no chão da casa,
Aí as sombras a depositam, pela tarde,
Restos cansados de um dia que ao
Pavor da noite os dedos de súbito entregam.
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