Abrem-se sulcos na tarde
Abrem-se sulcos na tarde
E dentro deles crescem árvores
Como dedos espetados para os céus.
As vozes que agora oiço
São pela aurora trazidas. Têm nome,
Um rosto frágil e uma lâmpada de
Azeite as ilumina. Na cidade
Tudo se torna tão precário:
Os carros que passam, o vento
Sussurrado que tolhe de flores
A música febril de um piano
De cansaço anoitece.
Nos sulcos da tarde
Ardem ciprestes, velas de cera
Gestos surpresos, cavados
Ruas desertas, a chuva virá.
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