O Cristo do Facebook
Ecce Homo
Foi através do Público que cheguei a esta página do Facebook, Jesus Daily. A página tem milhões de seguidores e acumula likes como nenhuma outra. Se se perder algum tempo a ver as fotografias que pretendem representar Cristo, descobre-se o que resta do cristianismo e de Cristo neste tipo de manifestações. Uma moral vagamente consoladora das misérias humanas e um Cristo ao nível do terapeuta familiar. Embora este tipo de "religiosidade" seja uma marca das seitas protestantes, o próprio catolicismo, talvez devido à concorrência, alberga muitos impulsos no mesmo sentido. Entre o Cristo que oferece o sacrifício, o seu próprio, como modelo para um caminho de transformação e emancipação, e o Cristo dos milhões de likes nada há em comum. O cristianismo nunca pretendeu ser uma terapia de adaptação ao mundo, pelo contrário. Se os responsáveis das Igrejas cristãs, nomeadamente da Católica e das Ortodoxas, pensarem que tamanha profusão de comentários e de likes é o sinal de uma revivescência dos ideais cristãos, de uma aspiração ao retorno a uma sociedade dirigida pela inspiração crística, estão bem enganados. Estes fenómenos são o sintoma de uma decadência que já nada esconde.
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