14/09/11

A bondade moral da mentira a si mesmo


Um estudo publicado na revista Nature chega a uma interessante conclusão. Possuir uma visão adequada da realidade é uma desvantagem competitiva. Os indivíduos que possuem excesso de confiança, quando em situações de competição por recursos cujos benefícios sejam suficientemente grandes em relação aos custos, têm vantagem competitiva sobre os que têm uma visão adequada da realidade. Por outro lado, quando se está perante conflitos com um custo elevado, a selecção favorece aqueles que têm uma visão subavaliada das suas capacidades. Em caso algum, aqueles que possuem uma auto-avaliação realista e adequada são seleccionados.

Deste ponto de vista e contrariamente à moral tradicional, a auto-ilusão e a mentira sobre si mesmo são um bem, enquanto a perspectiva moral que ordena o auto-conhecimento induz uma desvantagem. O célebre oráculo de Delfos, que ordenou a Sócrates conhece-te a ti mesmo!, nada sabia dos processos de selecção. Não bastava a já velha diatribe de Nietzsche contra a verdade. Agora ficamos a saber que é melhor possuir uma imagem ficcional e desadequada da realidade para podermos sobreviver. Assim sendo, o Nietzsche de a Origem da Tragédia tem completa razão. A preocupação do homem teórico, a preocupação com a verdade enquanto adequação do conhecimento à realidade, é uma patologia.

1 comentário:

José Trincão Marques disse...

Quem parece andar com excesso de confiança são os autores do tal estudo.