28/01/10

O livro do entardecer 30

uma cor de seda na voraz voz da verdade
animais sem eira pelas praças
carros suspensos a balançar ao vento
tudo crepita no teu olhar

deixas poisar cada pesadelo
no escuro da noite
paisagens azuis sulfurosas
brancas a arder no peito

as mãos entregam-se à urgência
na clareira onde tudo resplandece

frases desconexas o sangue exausto
a espádua rasgada da respiração crepita
como uma alma ressuscitada que desfalece

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