27/01/08

Plágio ou «copianço» no ensino português

No Público, de hoje, há um artigo interessante sobre o plágio com recurso à Internet. Este fenómeno é bem conhecido por quem é professor. Do artigo ressalta, claramente, o perigo que isso representa para a formação dos alunos. Mas o que me deixa perplexo são frases como as seguintes: «Mas as crianças não fazem por mal, salvaguardam as docentes. "Eles nem sabem o significado de plágio", diz Vitória de Sousa. "Não há noção dos direitos de autor ou que se estão a apropriar dos trabalhos de outros", acrescenta Pedro Rosário, do Departamento de Psicologia da Universidade do Minho.» Ou como estas: «Mesmo os alunos do secundário não têm noção de que plagiam, aponta Jorge Baptista, de Biologia.»

De facto, os alunos não dominam o conceito de plágio, nem a legislação referente aos direitos de autor. Mas este, sendo um problema, não é o primeiro nem o fundamental. Os alunos sabem que não fazem o trabalho, sabem que copiam, sabem que estão a fazer batota. Não há aluno nenhum, mesmo do ensino básico, que não saiba que está a fazer mal. Esta retórica reflecte já a cultura absurda que foi introduzida na formação de professores. O problema é que nas escolas portuguesas a fraude escolar (copiar nos testes, copiar os trabalhos dos outros, etc.) deixou de interessar a quem quer que seja. O plágio ou a cópia para obter nota faz parte da cultura dos alunos. A posição dos professores universitários é de facto muito mais sensata. Como um deles disse, o castigo deste tipo de atitude deveria ser desproporcionado, para que o comportamento fosse banido do ensino. Mas quem, nas escolas e no Ministério da Educação, percebe isso?

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